terça-feira, 30 de dezembro de 2008

because it's new year's eve



harry: i love you.
sally: how do you expect me to respond to this?
harry: how about you love me, too?
sally: how about, i'm leaving.
harry: doesn't what i said mean anything to you?
sally: i'm sorry, harry. i know it's new year's eve. i know you're feeling lonely, but you just can't show up here, tell me you love me, and expect that to make everything all right. it doesn't work this way.
harry: well, how does it work?
sally: i don't know, but not this way.
harry: how about this way? i love that you get cold when it's seventy-one degrees out. i love that it takes you an hour and a half to order a sandwich. i love that you get a little crinkle above your nose when you're lookin' at me like i'm nuts. i love that after i spend the day with you, i can still smell your perfume on my clothes. and i love that you are the last person i want to talk to before i go to sleep at night. and it's not because i'm lonely. and it's not because it's new year's eve. i came here tonight because when you realize you want to spend the rest of your life with somebody, you want the rest of your life to start as soon as possible.
sally: (feeling manipulated but also melting) you see. that is just like you, harry. you say things like that, and you make it impossible for me to hate you, and i hate you, harry. i really hate you. i hate you.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

No banco dos réus

A audiência estava em silêncio absoluto, não se ouvia um único suspiro ou muxoxo. As respirações estavam todas em uníssono e todos pareciam sintonizados numa mesma vibração. Concentrados e esperando descontroladamente por aquele resultado. Aquela sentença.
Mais a frente estava o juiz, forte, resistente, inabalável. Inquebrável. Tinha um olhar atento e direto, não hesitaria em condenar aquele réu e todos sabiam disso. Mas, ao mesmo tempo era fácil de localizar nele certa ternura e sapiência, muita sabedoria em lugar de uma simples inteligência, era um verdadeiro mestre, idoso, mas não senil. Vivído, mas não cansado.
Sentado, no canto esquerdo daquele tribunal estava ali, o advogado de defesa, frágil, com uma aparência ligeiramente chorosa e conturbada. Parecia ter acabado de passar por um turbilhão de sensações, e tudo lhe parecia fora de eixo. Uma cena incomum para um ambiente como aquele. Era notório que tinha acabado de fazer uma defesa, e em seu rosto ainda era podido ver toda a fúria que seu discurso guardara. Era bonito, era muito charmoso e jovem, muito jovem, havia um esboço de sorriso em suas lágrimas, que parecia poder ruir a qualquer momento. Sua certeza era impotente, e seu desejo de glória parecia subliminar diante de sua entrega àquele furor de emoções. Era volúvel, sensual e emanava a maior de todas as belezas, a da vontade e da juventude. Parecia que poderia queimar a qualquer momento, e suas lágrimas pareciam secar com uma velocidade muito rápida. Não era efêmero, era veloz, e arrebatador.
Já no canto direito estava o responsável pela acusação, e era nele que se podia ver a maior firmeza de todas. Era impassível, era inabalável e demonstrava, ao contrário do Meritíssimo Senhor Juiz, uma inteligência, uma sagacidade impecável, era astuto e capaz. Não era irônico, pois não era maldoso, era somente perspicaz e esperto. Sim, muito esperto. Sangue-frio não, mas consciente.
E de longe, a observar essa cena, em um banco, alto de mogno, estava ele, o réu. Seu olhar era fulminante e sua aparência poderia beirar a crueldade, mas por trás deste semblante estava indiscriminada uma sensibilidade e carência absurda, uma necessidade e anseio por atenção e notoriedade. Aparentemente, aquele julgamento, era uma espécie de vitória para aquele réu, enfim havia conseguido uma visão ampla e um brusco movimento por parte dos afetados.
Diante de todo o silêncio, uma perturbação tomou conta do réu, silêncio somente era permitido a ele se fosse corriqueiro e apropriado, mas aquele não, era aquele silêncio era medroso, da parte de todos, e isso não poderia acontecer, e então riu, nervosamente, mas sem cinismo, só com um leve deboche, um mecanismo ou uma válvula. E enfim, todos o olharam, mais uma vez, e isso fez o juiz finalmente acordar de uma espécie de transe que tivera olhando para a mesa do júri, não era indecisa a sua fase, era tão somente pesarosa, mas essencialmente sem perder a sua ternura.
E o silêncio tomou conta do tribunal novamente, todos sabiam que finalmente o veredicto seria dado e que por fim iria se saber o que estava nessa cruzada aparentemente sem fim, em dias de julgamento e muita aflição.
Seu olhar foi firme, e sua posição forte, e debaixo de muitas vaias e poucos aplausos, por fim, o Ciúme foi absolvido.
E o Amor, por fim, recolheu suas atas, deixando o recinto, onde a Paixão e a Razão se cumprimentavam e saiam em distintas direções opostas.

V. @ 23 de dezembro de 2007

domingo, 26 de outubro de 2008

Aos 14

Eu devo tar ficando velha, preciso exercitar minha paciência. Porra, é muito engraçado voltar aos lugares que se ia há uns anos atrás depois de passado um tempo, por mais curto que seja.
Tô ficando tão velha que tô evitando até me meter em muvucas com muitas pessoas em lugares que não sejam legais. Gosto ainda de ir em shows, mas tenho ficado muito irritada dentro de shopping center. Tô ficando velha mesmo, e nem dezoito eu tenho ainda.
É olhar as meninas com 12, 13 e ver que eu era meio assim e me achava superiormente interessante e cheia das diferenças maiores do mundo. Quando na verdade, não tem nada de muito original na pré-adolescência hoje em dia. E nem na pré-adultice dos 17 não, viu.
As pirralhas gritam por tudo, riem de tudo, gesticulam muito e mexem demais no cabelo. Porra, eu não queria tar assim não véi, acho que não chegou a idade da compaixão ainda, tomara que ela chegue, porque é uma merda ter vontade de enfiar essas pós-púberes numa caixinha e tudo mais.
Me sinto um cú de ficar achando essas coisas, até porque eu tenho certeza que vou achar o mesmo de mim daqui há bem pouco tempo, mas é que ter que ficar dentro de um shopping por mais de 5 horas ontem pra mim foi maior do que meus hormônios reguladores de temperatura puderam suportar. E eu ainda fui ver High School Musical, QUÃO FUDIDA AM I né vei.
Dá muita vontade de abraçar essas pirralhas e dizer pra elas que vai passar, véi. Que não precisa nem crescer muito pra começar a sentir preguiça de se cansar das coisas ou reclamar, ou que nem precisa ter lá maiores experiências de vida pra saber que não adianta você usar um botton do Led Zeppelin na mochila, VOCÊ NÃO VAI ARRUMAR UM NAMORADINHO POR CAUSA DISSO (essa foi a pior das minhas constatações), pessoas não vão gostar mais de você por causa da bem-boladez das suas pulseiras.
Dá vontade de dizer pra elas também que não é bom pintar tanto o cabelo com cores legais, vai ter uma hora que ele estragar bem muito e ficar que nem o meu, e vai ser meio irreversível, porque você vai sentir tanta preguiça de cuidar e vai se achar tão genial pelo fato de não querer saber do seu cabelo, que aí mesmo que não vai cuidar desse monte de pêlo em sua cabeça.
Crescer é legal, afinal de contas. Devo tar ficando muito reclamona, mas só sei de tudo isso porque há nem tanto tempo atrás era eu quem estava correndo afoita num shopping ou tentando anarquizar uma fila de cinema só pra pagar de mizerê.
Um grande agradecimento aos meus aturadores de 2005's e afins, e desde já aos aturadores dos 2008's.

Velha dá pra ficar, tomara que eu não fique rabugenta.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Se eu soubesse...

Observei de longe algumas crianças. De alguma forma me pareciam entrosadas, interagiam entre si através de bonecos. Eram crianças com bonecos, cada qual com sua distinta característica sendo fortemente enfatizada através de gestos ou falas que davam vida àqueles seres inanimados.
O barulho não dava brecha em momento algum e por mais que aqueles bonecos parecessem interagir, soava muito mais como uma conversa entre o criado e sua criatura. Por estar um tanto distante, não pude ouvir com riqueza de detalhes o que se passava naquela roda, mas me lembro de ter escutado as palavras “atenção” e “certeza” muito mais de uma vez. A princípio apenas uma das crianças mantinha sua voz mais baixa, ponderando muito o que falar e abrindo espaço para que qualquer um soterrasse sua voz. Era acanhada, mas me parecia muito forte, como se tudo que fizesse à sua boneca fosse muitíssimo importante e cheio de razões.
Ela tentou interagir com as outras crianças, mas todas elas pareciam muito ocupadas, discutindo com suas próprias criações, que não parecia haver tempo para prestar atenção no que o outro dizia, por mais que esta outra criança chamasse seu nome. Até porque, quem chamava não parecia lá muito interessado em ouvir qualquer palavra senão as que saíssem de sua boca.
Continuei observando e apurei meus ouvidos a fim de entender o que a criança mais próxima dizia. Não obtive muito sucesso com a formação completa das palavras, mas tive certeza pelo seu semblante de que aquela criança estava perdida e até mesmo confusa. Não da forma padrão, mas daquela forma que só fui capaz de perceber por ter uma sensibilidade apurada e bem treinada. Decidi focar toda a minha atenção e bloquear qualquer estímulo que me impedisse de prestar atenção ao que aquela jovem criatura berrava vorazmente. Seus braços se mexiam freneticamente e seu rosto estava vermelho em ira. Ouvi-a gritar fortemente o nome das outras crianças olhando em seus olhos, mas as outras crianças estavam ocupadas e precisavam manter diálogo com seus respectivos bonecos e com pessoas as quais não davam a menor atenção. Seu rosto agora estava perdendo a cor e sua boca estava começando a afrouxar, de longe pude ver que havia pegado seu boneco e posto no colo e logo depois abraçado muito forte. O vermelho tomou conta do pálido novamente e dessa vez sua ira havia sido substituída por um aparente forte sentimento de culpa, agora lágrimas escorriam por suas bochechas lisas.
Não muito longe, havia outra criança. Como não havia reparado nela antes? Talvez por ser a única que não gesticulava ou gritava. Parecia esconder algo, parecia esconder muita coisa. Tinha um olhar pesado e sua pouca idade era quase substituída por um olhar quase que severo de tão firme. A doçura estava na forma que tocava em seu boneco, com a ponta dos dedos. Sussurrava um mantra inaudível e nem que todos se calassem seria capaz de ouvir da distância que me encontrava. Era um pedido de desculpas e eu percebi haver uma espécie de arrependimento na forma com que aquela criança acariciava seu boneco. Por vezes a vi levantar os olhos e voltá-los para as outras pessoas da roda, mas quando outra fazia o mesmo, ela se voltava à criatura. Sabia que demoraria muito tempo ali, logo, resolvi observar uma outra.
Me parecia tão confusa quanto aquela outra, mas ao contrário da voracidade com que a outra gritava, essa permanecia impassível e por mais que seu rosto denotasse lágrimas a caminho, sua mão era firme como uma pedra, a mesma mão que escondia seu rosto numa tentativa de mostrar firmeza. Estava certa que ao contrário da anterior, essa certamente mudaria o rumo da discussão logo que a primeira lágrima teimasse em cair, seria o fim de sua muralha.
Certa de que estava certa em minhas percepções, resolvi observar uma última criança que tinha acabado de levantar e colocar-se no centro da roda. Seu rosto era neutro quando se levantou. Ao sentar, fechou os olhos com veemência e logo que abriu, baixou os ombros rapidamente como se acabasse de receber todo o peso do mundo. Seu olhar era triste e ela parecia querer absorver tudo que estava ao seu redor. A vi ponderar sua voz ao gritar com ódio e tatear com carinho derramando lágrimas incessantes. Fiz menção de levantar e tive vontade de tirá-la daquele círculo de fogo e lamúrias, mas fui segurada por uma mão que empurrou meus ombros de volta a cadeira. Olhei quem havia feito tamanho disparate e, logo que percebi, sentei derrotada. Sabia que não podia interferir.
A criança parecia estar sofrendo e pedia atenção das outras, mas as outras pareciam bradar com sua boneca ou com seus próprios bonecos. Cada vez que ouvia seu nome, a do centro olhava com esperança, mas quando percebia ser para outro fim, baixava seus olhos e uma torrente de lágrimas caía.
Respirei fundo e percebi alguma delas se calando, como se fosse uma nova peste todos os outros olharam com aspereza para aquela subversiva. A que permanecia no centro mantinha seus olhos fechados e aparente distração com seus devaneios. Por conta de tamanha surpresa as outras crianças calaram-se também e diante daquele novo som ensurdecedor ajeitaram-se em suas posições, envergonhados com tamanha exposição e franqueza na falta de sons.
Agora quem havia fechado os olhos era eu. Transportei-me àquele momento, e ao abrir os olhos estava no centro do círculo e meus lábios mexiam incontroladamente palavras de tristeza, ódio, mágoa, mas principalmente palavras de amor. Era um grito desesperado, que somente agora, muito mais velha havia conseguido entender. Eram palavras desesperadas, saindo de alguém que não via sentido no que dizia e morria de medo de como seu sentimento tomava conta de suas ações e até mesmo de sua própria oratória. Percebi que agora os que me rodeavam prestavam atenção verdadeira àquilo que eu falava, e era a primeira vez também que prestava atenção na importância do silêncio deles. Depois do que me pareceu uma eternidade de verbetes, calei-me e esperei algum tipo de resposta ou ação para todos os questionamentos que havia lançado, todas as ofensas que havia profanado, todos os erros que havia cometido apenas verbalizando minhas próprias mentiras e confusões. Quando fechei a boca que me dei conta do mal que estava fazendo expondo todas as minhas questões e bombardeando terceiros com besteiras e complicações desnecessárias. Mas é claro que não sabia disso.
Dentro daquele corpo juvenil olhei ao meu redor esperando reações, e sem que nem eu mesma pudesse me dar conta, estava sendo envolta por braços, abraços e um montante de carinhos e palavras bonitas, que não pude fazer mais nada senão chorar. E chorei, senti o calor em meu rosto e ouvi o que não esperava ouvir.
Ainda com os olhos fechados, saí daquela atmosfera tão conhecida e familiar e voltei à minha cadeira de observação e distância, voltei também à maturidade e alguns anos de experiência. Logo que abri meus olhos, senti uma mão pesada em minha coxa e outra em meus ombros. Mesmo com algumas rugas era claro a ternura com que os que me acompanhavam naquela observação olhavam a si mesmos naquela roda. Palavras não eram necessárias. Havíamos aprendido a nos ouvir, havia demorado um bocado e muita coisa passou pra que descobríssemos o quanto o silêncio do outro é rico de insuficiências e não de segredos. Não havia segredos, havia identidades e gostosas verdades cheias de carinho. Era gostoso permanecer ali, sabendo que estava segura de olhar pro que um dia havia sido e ver quem havia me tornado. Era interessante ver o quanto eu guardava e o quanto era pesado o que carregava dentro de mim impelida de demonstrar. Morria de medo, como era bobinha.
A imagem a nossa frente foi se desfazendo aos poucos e só quando ela sumiu por completo nos olhamos em confidência. Todos ali sabiam o que havia acontecido e por tudo que havíamos passado, e aquilo fazia daquele silêncio tão especial. Era tão cheio de palavras que proferi-las era desnecessário. Era bonito, completo.
Eu queria ter descoberto tudo isso antes. Mas talvez não tivesse sido tão divertido todo o caminho, e com certeza não teria aprendido tanto.
Aqueles que me rodeavam eram filhos desses alicerces tortuosos e desse caminho cheio de obstáculos, eram tão cheio de cicatrizes quanto eu, cicatrizes as quais não se abririam jamais, haviam sido curadas. E tudo estava bem.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

NO MUNDO, ou melhor NO MONDE!

http://www.tv5.org/locaux/bresil/pop_programme.php?id=163428

(seriado) ONDES DE CHOC

A indústria química de uma pequena cidade do sul da França explode, causando mortes e ferimentos graves. Uma investigação é instaurada para determinar as responsabilidades. A catástrofe é reconstituída através do olhar de seis personagens.

Episódio 2: MarionMarion é uma jovem analfabeta, funcionária da limpeza da fábrica. No momento da explosão ela estava do lado de fora do depósito e participou do salvamento das primeiras vítimas. Mas logo ela passa da condição de heroína à de suspeita...

Metalinguística seriamente fora de toda a brincadeira.

Eu detesto a cadeira do meu computador. E detesto ainda mais o fato dela não ser lá muito boa pra se escrever. Quando eu tento kung fusar minhas pernas pra arrumar uma boa posição ela praticamente apita e cria um letreiro enorme com dizeres em néon: SUA BUNDA É MAIOR QUE EU. SÁIA DAQUI, ANIMAL. Mas, eu não posso me render aos poderes imperialistas de uma cadeira de 20 anos e deixar de postar, ou qualquer coisa assim. Por mais que esse monte de plástico branco abaixo de mim tenha feito com que eu relutasse em abrir essa página de post, eu o fiz, simplesmente pra mostrar o quão auto-suficiente em petróleo e cadeiras eu sou.
Hoje, durante o quarto período, eu chamei Priscila, que tava na minha frente, e falei pra ela que ia tirar a tarde pra escrever. Era aula de química, pós-prova-que-me-fudi, então eu couldn't care less pra qualquer coisa que ele pudesse estar tentando me dizer e que iria vir a cobrar significantemente só em novembro (eis uma das coisas que eu mais adoro em terças feiras; essa sensação de completo poder que se tem depois de uma prova. É comer água, biscoitos recheados e só aparecer na escola na quinta). E, eu tinha acabado de sair de uma aula (creiam) boa de literatura que havia feito com que meu mini membro interior da ABL acordasse e me dissesse que eu deveria cumprir aquilo que eu disse que faria em outubro do ano passado; parar de reclamar e começar a verbalizar mais minhas coisetinhas.
E o mundo hoje parece sorrir o tempo todo; atravessando a rua, comprando salgados de frango e bebendo suco de cajá, tudo me parecia um tema adequadíssimo pra qualquer que fosse o que eu queria escrever quando disse à Priscila que queria escrever. Mas, para que haja um pouco de mudança na minha rotininha, obviamente, a superioridade da cadeira que reina SOB mim fez com que eu não lembrasse de absolutamente nada. E eu ainda insisto em não anotar minhas besteirices sem fim.
Descalça, tocando a campainha da casa de Renata às duas da tarde, e me lembro de ter pensando em mandar uma mensagem à qualquer pessoa pra que me dissesse uma palavra, e eu escrevesse alguma coisa emcima daquilo (afinal, o ABLinho que apitou hoje na aula não era lá dos mais exigentes... só queria saber de pular pra fora), mas quando abriram a porta e eu, com fones, não ouvi que ela não estava em casa e fui pro quarto dela pra constatar, obviamente me esqueci.
Mas, de um desses topiquinhos eu me lembro.
Minha mãe hoje, PUTA da vida, por algum motivo que meus fones não me permitiram entender, gesticulava freneticamente enquanto eu, no sofá da sala de TV, ouvia Strokes e lia Becky Bloom. Mas, o destino foi cruel com minh'alma e bondoso com ABLinho e fazendo com que minha batéria acabasse e eu ouvisse de mi madre os seguintes dizeres: 'fora de toda a brincadeira'. Que é uma expressão que ela usa quando quer enfatizar MUITO alguma coisa. É algo como o 'seriamente' que eu peguei de alguém e tô usando muito seriamente. Como o 'pra caralho' que as pessoas usam. Pra minha mãe, simplesmente é 'fora de toda a brincadeira'. E eu ouço isso há 17 anos. Seriamente. Daí eu, Becky e minha falta de cargas musicais começamos a pensar e descobrimos que além desse, minha mãe repete também 'Ai meu Cristo Redentor' sempre que precisa demonstrar enfado, raiva, alegria, amor, sono, ou qualquer outra emoção que esteja listada na psicanálise. E eu também ouço isso há 17 anos. E eu sei disso porque quando era um rebentinho pequeno eu costumava repetir distorcidamente 'Ai meu Cristo arrebentou!'. Mas aí alguém me disse que tava errado, ou que era feio, e eu parei né. Uma pena. Se usarmos uma vírgula depois do Cristo, fica genial. 'Ai meu Cristo, arrebentou'.
Mas, sem distorcer meu foco, devo dizer e devo temer a idade média, ou meia idade. Eu tenho certeza que meu 'genial' tão usado hoje, ou até mesmo o 'seriamente' vão-se embora muito seriamente em menos de dois meses, assim como tantas outras expressões geniais que passaram por mim nos últimos 17 anos.
Portanto, você, que estiver lendo isso em 9 de setembro de (CALCULADORA) 2025 e me ouvir genializando algo, muito seriamente me lembre do quão bom era ser jovem e poder renovar e diferenciar minhas expressões de enfado, para que meu enfado lembrasse doces fadinhas e não se arrebentasse na brincadeira imperialista que pode agir sob ele.
Ah... A acidez humana.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Volatilidade do melão.



Eu adoro melancias. E isso não é de hoje.

Na verdade isso é de uma hora atrás (guardadas as devidas proporções, coloque a hora numa regra de 3, na linha com tipo, 2 anos, eu acho. ah, sei lá; foda-se). Elas vivem cheias de água, os pedaços de cima não tem muitos caroços e ela é muito charmosa e bonita. Sem contar com o excelente nome inglês que ela tem: Watermelon. ÁGUA E MELÃO. MELÃO E ÁGUA. Não que eu goste muito do melão (nem da bala), mas a água é genial. Ainda mais genial é a quantidade de água que escorre da sua boca no momento em que você come o melãodeágua.

Eu, pobre alma, certa vez, dei de comer melancia antes de sair para algum lugar com regras indumentárias de vestimenta que requerisse roupas inteiramente alvas e engomadas (leia-se: escolinha de segundo grau), pois então, eu não comi aquela melancia. Eu bebi-a. Inteiramente. Tendo espasmos e contrações de prazer à cada mordida que não contivesse um caroço. Foi incrível. E é claro, deixei que minha blusa saboreasse daquele prazer. Ela aproveitou muito. Eu, inocente que sou, achei que a água da melancia era como aquela paradinha rosa da Química que o broder do laboratório joga na blusa da gente e não mela porque é volátil. Mas não.

Aparentemente melancia não é volátil. A farda do Sartre COC sabe disso até hoje. E esse hoje tem umas duas horas, sem regras de 3.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Luz para Todos.


As ruas são iluminadas por postes.
Existem fatos constatáveis e existem verdades incontestáveis. Eis um caso genericamente incontestável: as ruas são iluminadas por postes.
Todos os dias, bem cedinho, enquanto o frescor de pinho ainda paira no ar e o monóxido de carbono dos ônibus ainda não formam sua saborosa crosta fétida, os postes estão todos apagados. O sol acabou de raiar e as pessoas por conseqüência também, o frescor de pinho vai embora, a manteiga e o café vão tomando conta do ar, enquanto isso as ruas continuam a-lunas. Não demora muito e o ritmo da manhã começa a tomar mais fôlego e a maioria dos seres diurnos das cidades começam a sair de suas tocas mobiliadas e pôr suas fuças pelas portas e janelas. Mas, as ruas continuam apagadas. Não é preciso nem mais duas horas pras calçadas estarem amontoadas de pressas e licenças, e os habitantes perenes estarem proferindo seu gerundês sem sentido a fim de continuar fazendo, ou continuar mantendo metas ou combustíveis para teimarem em acordar e repetirem seus rituais sagrados que pouco envolvem verdadeiros acasalamentos ou passagens alegres. Enquanto isso, os postes continuam apagados.
A tarde se arrasta e o ocaso vai chegando como quem pede desculpas por surgir. O céu ainda guarda um azul esquisito, indefinido e contestável.
Perto do fim do dia, a aura e as vibrações referentes às imensas despedidas de fim de expediente tomam conta do ar, antes tão ocupado. Agora é simplesmente cansado e cheio de vontades. Sopas, sexo, notícias, telefonemas, telejornais, pães, músicas e utópicas oito horas de sono para um bom recomeço. E bem devagar, na mesma velocidade com que as pessoas se arrastam pelas ruas, as luzes vão se acendendo. Poste por poste, luz por luz, minuto a minuto. Pros mais atentos, é interessante reparar como a tarde vai embora preguiçosa, dando lugar à noite pesada. Poucos reparam e poucos o valor devido à iluminação dada às ruas. Sem elas os becos escuros propícios à estupros seriam ainda mais escuros e ainda mais propícios. Sem elas a vida noturna das cidades grandes, seria uma morte. Sem elas pouco do que se conhece de noite, seria conhecido. Talvez a Lua ganhasse um posto de destaque maior, quem sabe uma capa de revista ou uma nomenclatura mais imponente, mas o fato é que enquanto isso não acontece, temos a iluminação das ruas, e o pouco de importância que é dada a ela.
E as pessoas passam, e voltam à suas valas de forma mecânica, sem notar que dez metros acima delas existe uma fonte de energia muitíssimo poderosa que toma conta de todas as suas vidas há muitos anos. E a atenção dada à essas lâmpadas ou candelabros elétricos é tão remota quanto a atenção dada aos candelabros naturais inerentes aos a-lunos que não reparam em suas luzes.
Enquanto tudo isso é pouco reparado, conglomeram-se inúmeros deslizes e fatos despercebidos que fazem com que os habitantes das cidades iluminadas botem suas cabeças em seus travesseiros com a paz e a calma que os postes trazem para sua rua. Mas, eis um conceito contestável. Diferente daquele único incontestável, do majoritário, mas do único com que esqueceram de avisar às pessoas para se lembrarem: a luz proveniente dos postes se apaga.


quarta-feira, 30 de julho de 2008

Voando com muitos descontos.

…O Melhores Destinos em parceria com o Voe com Desconto irá sortear uma passagem aérea de ida e volta para qualquer trecho operado pela WEBJET para quem enviar um e-mail contando alguma experiência de viagem. Este relato será publicado no site Melhores Destinos. Para quem tem blog também será possível concorrer apenas divulgando a promoção….

terça-feira, 24 de junho de 2008

Daquele desconhecido anônimo.

Ela sempre gostara muito de observar as pessoas. Tem quem chamasse isso de hobby, de mania, ou de qualquer outro nome que tivesse na moda, mas o que ela gostava mesmo nunca foi de nomear, mas sim de observar. E dentro de suas observações, claro, haviam diversas classificações e mais outros milhares de nomes, neologismos, análises, crenças e verdadeiros contos envolvendo pessoas que simplesmente passavam, iam, e efemeramente saiam de sua vida.
Mas, aquele dia foi diferente, sem que ela notasse, parada, diante de sua cinzenta portaria, eu passei a observá-la, e não só isso, eu me encantei com essa observação. Sempre fui desligado, desleixado e havia quem dissesse, perdido. Mas, hoje, de alguma forma, eu havia encontrado um motivo para deter minha atenção a um par de olhos negros e um sorriso gigantesco. Sem que soubesse, minha atenção havia se voltado praquela garota parada naquela portaria a mexer naquele celular.
E eu observei, e eu fiz o que ela sempre gostou, e me atrevi a designar qualidades e histórias para aquela moça. Como nunca fui de realidades e como meu pai sempre me disse, vivo de passado, imaginei um passado próspero e muito remoto em que nós dois vivíamos felizes.
Eu era o maior, eu era o rei da vizinhança, minhas gudes eram invencíveis, e ela era a filha que toda mãe havia pedido a Deus. Estudiosa, cozedeira, educada, gentil e muito inteligente e determinada. E nós crescíamos. Nossa vida era tranqüila, e nosso bairro era agradável. Mas a segunda guerra chegou, e com ela, seus males. Vi minha mãe se desesperar, e vi a mãe dela parar de notar sua perfeição e entregar-se à bebida. Já era um homem à essas alturas, meus doze anos tinham um peso absurdo, era hora de agir.
Fui em sua casa, e roubei-a pra mim. Fomos de camelo para a Índia, onde lá, seriamos felizes. Ah, como ela era linda, e eu sabia que com ela eu seria feliz pra sempre. Meu Deus, como aquilo era tudo que eu precisava. Eu sabia que com ela eu seria completo, eu era o homem mais realizado do mundo e não havia nem sinal de espinhas em meu rosto!
Com o fim da guerra, recebi um e-mail da minha mãe, contando que nosso bairro havia sido comprado por uma máfia de meias-soquete e não era seguro voltar. Não podia ser mais ideal! Fomos para Bali, surfar e aproveitar o verão de setembro. Céus, como ela ficava linda ao sol. Eu sabia que ela sabia o quanto eu a amava. Dentro de mim, todo o meu amor era dela, e fora de mim também. Ela era meu bichinho de pé com cachinhos dourados e olhos de ameixa. Eu sabia que havia força em seu sorriso, e doçura em suas mãos, e ela sabia que eu sabia disso. Ela sabia de tudo e de tanta coisa, era tão genial.
Finalmente, bronzeados e cheios de compras, voltamos pra casa, sua mãe havia largado a bebida e agora era uma cantora de ópera renomada, e seu pai tocava harpa em festas diplomáticas. E ela agora era uma bailarina muito famosa. Seus pés sustentavam quatro carros populares dentro de uma sapatilha e sua mão fazia aquela conchinha do ballet sem entortar um dedo sequer. E eu agora era herói, e meu cavalo só falava inglês.
Quando comecei a pensar sobre nossos filhos um longo carro cor de vinho estacionou diante de seu prédio e buzinou, será que a levaria de mim? Não era possível! Não! Não seria capaz de tamanha maldade!
Seria, e levou. Vi de relance seu lindo sorriso partir e seus cachinhos abandonarem meu campo de visão. Mas não me desesperei, continuei meu caminho, pois sabia que íamos voltar a nos ver. Afinal, temos filhos para criar e uma história linda a viver. Eu sei que ela sabe que eu sou o grande amor da sua vida, e agora só falta eu me apresentar, e isso não vai demorar. :)

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Graforréia Xilarmônica

Acho que as duas maiores frustrações que eu vou levar pra vida, e tenho certeza que vou passar pros meus descendentes, serão - em igual importância - a minha desengonçadez dançarínica e a minha falta coordenatíva musicálica.É fato. É FATO. Todos dançam, todos tocam violão, piano, xilofone, violoncelo, flauta tranversal, guitarra translúcida, contrabaixo, triângulo, batéria, atabaque, e eu: EIS, nada.Eu poderia ser uma boa musicista, se não fosse minha incapacidade de fazer bons títulos. Nunca chegaria nem perto de toda a tracklist do Móveis Coloniais de Acaju:

01. Perca Peso (A Terceira Metade do Meu Estresse) (5:20)
02. Seria o Rolex? (Ego e Latrina) (3:55)
03. Aluga-se-vende (Sujeito a Mudança) (5:50)
04. Copacabana (Devaneios de Um Cubano Cubista) (5:10)
05. Menina-moça (A Receita Que Ofélia Não Ensinou) (3:21)
06. Cego (Registro de Uma Inspiraçao Alheia) (3:36)
07. Esquilo Não Samba (O Triste e Recorrente Medo de:) (4:31)
08. E agora, Gregório? (Metamorfossa) (4:50)
09. Swing hum e meio (O Homem, a Verdade e a Castanha) (3:35)
10. Do Mesmo Ar (Pra não Dizer que Não Somos Melosos) (4:19)
11. Sadô-masô (A Vida é Tão Fácil Para Quem Não a Vive) (3:47)
12. Receio do Remorso (Remorso do Receio) (3:54)

Sério, é genial *.*

Agora, olhe bem pra mim, máximo que eu consigo fazer é associar o título do meu blog à expressão óbvia do nome dele, e ainda vou lá, atravesso à cidade, corto cabeças, devasto florestas, e compro uma gaita, que foi feita por crianças subnutridas e que vai ser esquecida em 2 meses, ou não, é só aprender.


Como se não fosse muita coisa.

terça-feira, 10 de junho de 2008

RETRÔ-Projetor

Parece que as coisas comigo tem efeito tardio, e isso é fato. Hoje, revendo filme preferido da pré-adolescência eu me dei conta, das projeções que eu fazia, e que ABSOLUTAMENTE eram baseadas nos meus vícios de uma forma que eu nem dava conta!
Mapear minha vida é só conferir as contracapas dos meus cadernos à partir da 5ª série, onde todos tem menções à popularidades ou não que fazem ou faziam parte do meu cotidiano.
O que chega a ser meio bizarro! Porque isso só surgiu em minha vida quando meu útero começou a despelar. Porque eu me lembro de gostar muito de Shee-ra e Xena quando era pequena, e dentro do meu campo real e consciente, nunca tive seis dedos e beijei garotas, e tão pouco tenho irmãos fortes, gostosos e que tenham a força.
Agora, a maioria das projeções, igual a tudo na vida, faliram, né? Daí, eu reparei que contracapa pós contracapa eu fui ganhando novas projeções, mas todas elas deixavam vestígios e modificavam a seguinte. Fui de Diário da Princesa, à metal, Harry Potter todososanos, Silverchair, J-rock, filmes da Sofia Coppola, séries de TV e muitas, muitas reticências.
Mas, e se elas se realizassem? Todas elas, ano após ano?
Bem, aí eu seria uma princesa bruxa do metal grunge harajuku virgem suicída assistindo Friends comendo Mortadela da Mônica.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Oi, eu sou a Dory.

Há 2 dias atrás eu anotei em um pedaço de papel, durante a aula de Matemática, o que eu queria escrever aqui, em bons códigos, na esperança de chegar em casa, olhar eles e lembrar absolutamente de todo o caminho que minha mente tortuosa fez para chegar a tais códigos-chave.

E eis o que povoava as minhas sinapses a 25 de maio de 2008.

> jornal
> prepotência
> falta do que
> don't give me choices cuz I can't decide
> acetona
> lilás
> ñ enter
> pato raim
> ordem do CD
> things happen

E tem duas manchas bem grandes de esmalte roxo e vermelho em cima de uma última coisa, que com certeza devia ser a melhor e mais coerente destas.
Agora você vem, e me pergunta se eu lembro o que queria dizer com esses >.
Tá. E eu te respondo, dois pontos,

não.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Intertropicais

Sabedorias empiricamente adquiridas pelas Palavras Cruzadas COQUETEL DIRETAS Grande Aquiles;

• Aquela que tem lepra é hanseniaNa e não hanseniaCa
• Popa é Ré
• Valente é Temido
• Semelhante ao homem não é Actropoide e sim Antropóide
• A Lúcia de Paraíso Tropical é Vasconcelos (?)
• Quem abastece um supermercado não é uma distribuidora, é uma ForneceDORIA
• 5 pessoas fazem em 5 minutos
• _O_I_A é Sósia
• Jamais use caneta, jamais, eu repito, jamais
• Química não presta pra nada, ultrapasse as leis gerais e as normas de uma sala de aula e faça duas folhas debaixo de quatro módulos, um estojo e ainda peça ajuda
• Conhecimentos gerais inerentes a novelas são muito complicados, olhe eles
• Não olhe no Banco, dói a vista, veja o gabarito, se engane e assine o topo da página
• Marque a data de início e de final, se for mais que 10 minutos, roube, 8 é um bom tempo
• Compre por menos de R$3,40 em sebo, com só uma feita, e passe uma semana se gabando
• Já deixou de ser sabedoria
• O primeiro tópico e o título independem do seguinte
• Hm, sede, tá afim?

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Velharias, parte 4

02.05.07
(Mongolice é uma dádiva.)

Eu acho que eu tô começando a desenvolver uma espécie de TOC, sabe? Toda vez antes de dormir, eu tenho que ver se minha vó tá dormindo bem, respirando e em paz na cama dela, eu tenho que arrumar o tapete da cozinha, beber água na caneca dos ursos polares e tenho que empurrar minha cama pra parede. Porque não tem nada nesse mundo que me irrite mais que cama desencostada da parede, aí algumas vezes eu empurro com tanta força que mancha um pouco, ou acaba a pintura, mas é realmente necessário. Depois disso, eu me deito, e de barriga pra baixo, encosto a cabeça no travesseiro, me levanto, sento na batata, puxo com as mãos a ponta do colchão, porque essa é a segunda coisa que mais me irrita nesse mundo: Ponta de colchão pra baixo. Áh, eu esqueci de mencionar, mas eu durmo de cabeça pra baixo, porque eu prefiro sempre colocar os pés naquela parte alta da cama, e poder dormir com o ventilador na cara e vendo a janela. E por fim, eu coloco todos os dedos do meu pé e os da minha mão na lateral da cabeceira.Eu não sei se é quadro pra psicanálise, mas eu acho que é quadro pelo menos, pra hippie que bate palma pro pôr-do-sol.Eu não bato palma pro pôr-do-sol, eu não uso pena na orelha, eu não uso lápis de olho (excessões: olheiras e o fato dos meus cílios serem loiros demais), eu uso mais tênis que sandália, muito mais, deve ser por isso que meu pé é tão bonito. Eu não uso brinco, porque incomoda minha orelha no telefone, e na hora de dormir também, eu adoro ficar cheia de coisa pra fazer, eu ainda não minto status no MSN, e áh, eu morro de inveja das caixas de som do vizinho sim, mas eu estou aprendendo a viver bem com as minhas pretas de 12 reais. Eu acho que eu nunca vou conseguir entender a Física em sua totalidade, apesar de ser bem bonita e coisa e tal. Eu gosto de música latina, eu gosto de folk e eu não uso drogas. No geral, eu não tomo nunca álcool, só quando me dão aqueles suquinhos de morango que têm em 15 anos, e eu venho descobrir que tem vódega dentro depois de ter bebido, o que é bem ruim, posto que desce queimando e coisa e tal. Cinema, áh, o cinema em minha vida, ele é como aquelas mudinhas de bonsai que você tem na sua casa, que sei lá, são bem importantes. Mas, o teatro, esse se parece com, hm, o picolé de manga pro esquimó. Ele não vive sem não.Eu desisto de gostar das músicas indie legaizinhas do momento. São divertidas, ouquêi, mas nenhuma nem um pouco viciável, e são bem parecidas, na verdade, portanto eu fico com meus Amantes Latinos ou com o que sobrou do Silverchair, o que o Rooney vai trazer e POP GAÉLICO MAAAAN dos Corrs. \o/Eu falo pra cacete, bem rápido, alto e tem quem diga que muito fino e meio fanho, na verdade eu sou bastante exagerada e me mexo o tempo todo também. Aprenda a conviver, porque hiperatividade não tem cura, segundo a vizinha. Mas eu boto fé na minha recuperação, ora, quando eu durmo eu costumo me mexer bem menos, e eu acho que eu não fico tão histérica e eufórica assim quando eu vejo Bela e a Fera, porque eu choro pra porra, e quando eu choro eu só balanço meu corpo e tal, mas eu acredito que seja menos que o normal.Já mencionei que eu forro tudo que eu tenho com durex? Acho que já, mas é sempre importante, porque um bom presente pra mim sempre é durex bom, dos transparentes, grandes e bons de forrar, sabe?Eu não apago scrap por preguiça e por aquela pequena e imortal aspiração de que alguém um dia venha a me butucar e fique dando F5 em tempo real no meu scrap e no da pessoa que eu estou scrapando, o que se acontecesse ia ser muito legal, e se você fizer isso, me avise ou entre na conversa, entende? Seria bem legal saber da existência de pessoas como eu, parasitas de vidas alheias. Juro, eu choro bastante pelas pessoas que ainda não apagam seus scraps, eu faço miséria com eles. Há. E com as fotos de legenda pequena também, eu vejo todas e mais, ainda butuco comunidade mais frequentada pela pessoa, dando assim F5 também nos tópicos!E para finalizar, nada melhor do que a pérola, o mais novo ditado popular do século vinte e um, ano 07: Não adiciono desconhecidos.

Velharias, parte 3

30.04.2007
(O.o)

Eu não minto status no MSN, adoro os palíndromos, as onomatopéias e os eufemismos. Eu conserto todos os tapetes que eu vejo na minha frente, eu como mortadela da Mônica compulsivamente, eu adoro carregar pilhas recarregáveis, eu abro a boca pra tirar foto e eu também odeio meia com elástico apertado, porque parece meio tortura tailandesa e deixa seu tornozelo (?) apertado e power vermelho depois de usar. Eu sou meio dadaísta, sabe. Eu nunca tomei café mais que 6 vezes em toda a minha vida, mas eu acho tão chic. Meus pais acham que eu não bebo refrigerante, mas eu bebo. É pouco, bem pouco, mas eu bebo. No meu quarto tem um monte de pôster, e inclusive de uns filmes que eu não vi, mas é sempre bom, pra você lembrar que você precisa conhecer o que você contempla, certo? Eu não gosto muito de sorvete, como/tomo, na verdade, mas nem é o meu preferido. Eu nunca acreditei em Papai Noel, mas eu dizia que acreditava pra que eu fosse uma criança normal, e também nunca tive um amigo imaginário, na verdade, eu inventei um, e eu não acreditava nele, mas ele se chamava Fantas. Minha web cam é azul, mas eu comprei pensando que ela era roxa, e ela nunca fica conectada, porque minha irmã e minha mãe sempre acham que ela tá ligada. Elas costumavam virar a coitada pra parede. E hoje, mesmo desconectada, elas ainda viram... Minhas caixas de som são pretas e daquelas de 12 reais, mas ela fazem um som legal, ora. Eu me lembro que eu já fiquei 4 anos com o mesmo teclado e a mesma caixa de som. Agora, vejam se não é. O teclado do vizinho é sempre pior que o seu, mas as caixas de som do vizinho... Áh, essas eu morro de inveja.

Velharias, parte 2

22.11.2007
(o.o)

Todas as jujubas, de todas as cores, tem na verdade, o mesmo gosto. E todo mundo sabe disso, e mesmo todo mundo sabendo disso, todo mundo escolhe sempre a vermelha. O mesmo com Mentos, mas parece no Mentos há uma espécie de seleção natural, onde as pessoas nunca comem o vermelho. Só o rosa. Ou eu chamo 'as pessoas' de eu, porque pra mim o vermelho é uma verdadeira concentração mal produzida de Pinho Sol e papel higiênico Neve. Porque sinceramente, nem Nebacetin é tão ruim. Mas mesmo assim, todos nós, ao pedirmos gentilmente aos nosso companheiros de vida por apenas um Mentos do pacote, e recebendo assim o vermelho delícia, não podemos declinar tão gentilmente quanto pedimos. AFINAL, o mundo tem dogmas, regras de convivência e etiqueta. E eu tenho certeza de que elas se encaixam ao requerimento formal de Mentos. Jujubas jamais, jujubas você mete a mão.A embalagem do próprio Mentos mudou muito com os tempos modernos e eu tenho certeza de que o mundo mudou muito com ele. Jamais seremos os mesmos depois que o Box de Mentos chegou e jamais agiremos com a mesma alegria ao sabermos que dentro da caixinha SORTIDA vieram doze vermelhos.E isso se aplica aos desodorantes. Eu não sei como, mas tenho certeza de que se aplica. Até porque, desodorantes, mais até do que perfumes tem a capacidade vil de conseguir carimbar momentos e deixar memórias olfativas muito fortes. Quando não deveriam, posto que seu nome é DESODORANTE, deveria por sim o odor tirar. Mas não, enquanto desodorantes deixam marcas na pessoa, onde ela anda com um outdoor REXONA TEENS MENTA na testa, as pessoas que compram seus perfumes de morango com champagne, ameixa com vodka, damasco com rum, pinha com cachaça, nunca conseguem deixar suas verdadeiras impressões no mundo.E no final das contas quem sofre com tudo isso é a camada de Ozônio. Por isso que Al Gore tá gordo daquele jeito.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Velharias, parte 1

17.06.2007
(meu deus)


Eu odeio suco de caju com muita força, acho que é porque eu tomei um de caixinha quente uma vez. É uma merda, gente. Eu não entendo como alguém um dia colocou suco de caju no mundo. Na verdade, eu sempre achei que suco de caju tinha gosto de castanha, sabe? Pense comigo, castanha de CAJU, suco de CAJU, suco deveria de ter o gosto da castanha que é muito melhor do que aquela parte horrorosa que lembra jaca. Jaca é outra bosta. Eu acho que o mundo não vai pra frente porque tem jaca e suco de caju pra semear a discórdia nesse mundo. Só faz abalar as estruturas econômicas do país, essas duas porcarias. Assim ó: fabricam essas merdas, comercializam, NINGUÉM COMPRA, daí depois, fica tudo nos estoques, e o Dragão da Inflação vai lá e come muita jaca e toma muito suco de caju.Suco de caju e jaca são tão ruins que até economizaram na grafia. São duas sílabas, e pequenas e indígenas. Eu amaldiçoo muito os índios pela etimologia de caju e de jaca. Eles eram tão bonitos e espertinhos. E pensem comigo, se caju e jaca não tivessem um nome, eles poderiam até ser esquecidos, ou largados lá pra trás na História da humanidade. Pensem comigo, sabe aquela folha estranha que você vê de vez em quando, e que sempre vê em um bocado de lugar, mas que não tem nome, porque ninguém sabe? Então, com a jaca e o caju tinha que ser assim. Se ficassem pra trás na cadeia evolutiva dos sucos e das frutas (?), o mundo poderia esquecer delas, e elas ficarem só na cocó da humanidade, que nem a folha que eu vejo perto da pastelaria.Mas não, a gente insiste em disseminar esse bando de cultura inútil de comer jaca e tomar suco de caju enquanto o mundo tem coisa muito melhor que é deixada de lado, e dita ruim. Como a mortadela da Monica (deveria ter negrito aqui...), mas não, vão continuar comendo porcaria até que alguém, como eu, tome uma atitude, e revolucione a pirâmide alimentar do mundo atual. Colocando a MORTADELA DA MONICA NO TOPO e deixando a jaca, e o caju, completamente de fora, alheios, far away. Muamuamua.E não ter Mandela certo pra abolir esse apartheid. Enquanto essa reforma ainda está em andamento, eu continuo não aceitando desconhecidos.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Mais um PS.

Era só mais um café da manhã. Olhando pela janela o dia estava absurdamente convencional. O sol não ardia e as nuvens não eram abundantes. Era um dia, feito pra ser mais um dia. Se tudo fosse tão meticuloso quanto ela calculava, naquele dia ninguém havia nascido, morrido, casado, ou sequer feito sexo, descoberto um país, visto o mar pela primeira vez, andado de avião, capturado uma bolha de sabão por mais de dois minutos, ou qualquer grande feito como esses. Era com a maior das certezas, o dia mais convencional de todos os dias convencionais dos trezentos e sessenta e seis daquele ano bissexto. E nem por ser bissexto aquele dia se tornara especial. E naquele dia, ela acordou, na mesma hora de sempre pra fazer o mesmo de sempre. Tateou a cama, tirou a venda com essência de Mate dos olhos, e percebeu que ele não tava ao seu lado, como sempre estivera. Estranhou, mas como todo dia convencional, suas anormalidades eram absolutamente normais e faziam parte daquele entorno suspenso de rotina.
Levantou, pôs os chinelos e foi para o banheiro de sua suíte. Olhando praqueles azulejos ela lembrou de como finalmente eles estavam começando a se mostrar desgastados. E sorriu um pouquinho. Há cinco meses atrás eles haviam decidido tomar esse rumo, dar esse passo e tornar daquele eterno namoro, algo que eles pudesse palpar, sentir e confiar. Mostrando a todos, inclusive aos mesmos que sobreviveram ao colegial e mesmo as ditas tentações universitárias não os tinham desviado a atenção. Ela tinha 23 anos, e ele 24. Ela fazia ciência da computação e ele letras. Ela preferia banana da terra, ele aipim. Ela era de aquário e ele libra, ela era Atlético e ele nem jogava futebol. Ela gostava mais de outono, Itália, azul e Fellini, ele preferia inverno, Maranhão, vermelho e Bruce Lee. Mas ao mesmo tempo, as pessoas tinham um estranhíssimo costume de dizer que eles eram absolutamente idênticos, parecidos e que se não fossem amantes, seriam irmãos. Os dois sempre riram disso, ainda mais quando brigavam.
Se conheceram aos 13 e 14 na escola. Não se falavam até os 16 e 16, quando um dia, foram forçado pelo acaso a descobrirem finalmente que existiam. Tudo por conta de um rumor acerca de uma prova roubada. Destino mais romântico não seria possível. Ela achava ele ordinário, e ele a achava introspectiva. Foram mais quatro meses desde o primeiro contato, até que o Destino foi forçado a agir novamente. E dessa vez foi certeiro. Só não foi muito purista; envolveu etanol, aguardente, estômago vazio e uma formatura falida. Mas aí, ah, mas aí os dois tomaram as cordas disso, e assim ficaram até que, em uma noite de primavera, lá pra outubro, ele sugeriu a mudança, acuado, temendo que ela e sua razão inquebrável fossem questionar. Mas, não foi isso que aconteceu. E segundo relatos dos que ainda quiseram permanecer no restaurante em que eles estavam, qualquer grito acima dos decibéis permitidos até as 22h em prédios residências, era eufemismo.
E no verão daquele mesmo ano eles alugaram um quarto-e-sala afastado do Centro, em um prédio de quatro andares sem escadas. Era tudo tão perfeito. Pra ela era como brincar de casinha, pra ele era a certeza de que ele teria ela pra sempre. Os dois estavam tão felizes.
Estavam não, ela ainda estava, e foi nisso que pensou quando terminou de escovar os dentes e foi para a sala-cozinha-varanda-recepção dos dois, em que ele se encontrava sentado na mesa de dois que ficava simetricamente postada próxima a janela. Seu rosto estava escondido atrás do jornal do dia, o qual ela sabia, mesmo sem olhar que ele estava lendo o caderno de anúncios antes de tudo. Ele gostava disso, ver o que as pessoas colocavam a venda, ria das dentaduras, coleções de fronhas e discografias sertanejas. Era quase como uma válvula matinal de ânimo. E todos os dias ela separava o jornal assim, pra que ele achasse mais fácil. Mas dessa vez foi ele quem colocou próximo à cadeira dela o de Economia no topo. Mas isso era apenas uma pequena mudança, ela jamais admitiria que aquele dia, justo o dia que ela havia escolhido para ser habitual, havia tido algum revertério. Não, foi somente uma gentileza.
Antes de qualquer coisa, deu-lhe um beijo e sentou-se. Ele baixou o jornal, e olhou pra ela com ternura. Começou a falar algo que ela havia parado de prestar atenção no instante em que ele baixou o folhetim. Seus olhos estavam fixos nos olhos dele. Ah, permaneciam os mesmos. Há dez anos. Ou menos, ou mais. Era o mesmo, firme, ávido, agitado e cheio de vida. Corou de pensar que estivesse poetizando olhos, quanto clichê pras 8h. Mas, sua atenção se desviou rapidamente pra sua face como um todo, quando ele sorriu ao ler algum daqueles anúncios. Aquele sorriso, aquele riso. O mesmo, o que ela se apaixonou, o que tornava seus dias revestidos de contornos em Pilot preto 2.0. Ela seria capaz de tudo pra não deixar aquela instituição ruir. Pra não tirar aquele sorriso e nem aquele brilho. Ela havia sido feita pra que ele pudesse amá-la. E tudo que ela queria, era fazer dele, o homem mais feliz do mundo. É o que ela amava, sempre.
Seu estômago revirou ao pensar pela primeira vez no sentido da palavra sempre. Gelou. E colocando uma outra palavrinha ainda menor; ‘pra’ na frente, fez com que ela gelasse ainda mais. Tomou a expressão como um todo, fez como seus sistemas e cálculos universitários e pôs junto a ele. O ‘pra sempre’ e aquele sorriso.
Nunca fizera tanto sentido. Fazia todo o sentido do mundo. Passou margarina na torrada, abriu o jornal, checou a taxa de queda da bolsa enquanto pensava na caixinha preta 3x3 cm com a marca do ourives que havia visto na gaveta da pasta de dente. E sozinha, cá com suas torradas ensaiou alguns tons agudos de ‘SIM’ que poderia dar naquela noite.
Mas, era só mais um café da manhã...

quinta-feira, 24 de abril de 2008

TOC - Trouxinha Onde Cutuca


Eu resolvi passar uma semana inteira me observando. E eu acho até que eu tirei algumas conclusões muitíssimos interessantes sobre a minha pessoa. Que, em dezessete anos de vida, eu nunca havia notado.
Eu pensei em fazer isso, na verdade, em 2004, quando Paula, assaz atenta um dia, descendo as escadas do corredor de aulas da sexta série, me sinalizou que enquanto a gente conversava sobre o quanto achávamos a farda do colégio justa e fedorenta, eu desenhava em meu joelho, com os dedos, o cortorno de uma camiseta. Eu me assustei, obviamente. Porque, aparentemente, é algo que eu fazia muito, e precisei que alguém de 1m50cm me dissesse. E desde então, acho que esse meu super-charminho-psicótico se foi. Porque eu passei a notar que eu fazia realmente isso, incessantemente. Principalmente quando eu tinha algo em mente, que por algum motivo, eu não podia expôr. Inclusive, minha coxa vivia sendo constantemente rabiscada pelas minhas unhas com as palavras 'puta', 'vagabunda', 'corno sem mãe' e derivados delicados.
Mas isso passou, e até que era bem legal, mas se foi, e agora eu preciso descobrir novos, pra prestar atenção, acabar com eles, e começar mais novos.
Bem, no dia 1, o primeiro que eu detectei foi justamente dentro do ônibus indo pra Barra. Descobri que quando eu ouço música, penso, estou com sono ou então muito aflita eu pego meu polegar opositivo e o indicador e fico dobrando meu lábio inferior, a fim de fazer uma espécie de - na falta de uma melhor palavra - trouxinha que eu vou posteriormente morder com meus dentões de castor indiano. Isso não é nem de longe charmosinho, portanto, meu objetivo não foi bem sucedido. Mas, eu continuei observando...
E nesse processo eu me lembrei de como, antigamente, essas pequenas coisinhas se transformaram em uns TOC's posers bizarros que eu nutri por aproximadamente 3 longos anos. Bem como arrumar todo e qualquer tapete que eu passasse por, por mais arrumado que estivesse. Fazendo com que eu, inclusive, perdesse mais ou menos 8 a 10 minutos diários na minha ida à escola, simplesmente ajeitando o 'Bem Vindo' do hall do meu prédio. É, lá pros 15 anos isso ainda era divertido, hahasível e tudo mais. Mas, fui crescendo e começou a realmente me deixar agoniada, daí eu criei um novo TOC. Não poder mais arrumar tapetes depois dos 17 anos. E cá estou. Doente denovo. Outro nesse mesmo esquema era o que relacionava as folhas secas. Mas esse era meio demoníacozinho. Implicava em pisar em toda e qualquer folha seca que estivesse no meu caminho, porque, a princípio, eu gostava/to bastante do barulhinho. Mas, quando isso começou a ficar crônico e patológico, implicando em pisar em toda e qualquer folha seca que eu visse NA VIDA. É, eu decidi parar. Depois dos 17 anos, no more folhas secas.
Mas, continuando minha observação eu percebi também que eu não consigo manter longas observações por muito tempo, e depois do dia 2 eu parei de me observar. Quem sabe um dia eu termino. Provavelmente eu vou terminar junto com abril, que MEU DEUS não acaba!
E hoje, um sábado ensolarado de um interminável abril, me despeço para fazer mais observações pautáveis, mas dessa vez acerca dos cálculos estequiométricos e dos charmosos platelmintos.

Partí feroix.

domingo, 20 de abril de 2008

Tu-tu-tu-TU-TU-TU-tu.

É incrível como as pessoas tem uma péssima mania de sempre negligenciar certos comandos.
Eu sempre aviso a todo mundo que meu celular é velho, fudido, tem mais de 4 anos, e que o microfone não funciona mais. Eu digo pra elas que quando me liguem, FALEM, DISCURSEM, MONOLOGUEM, que eu estarei ouvindo, every single word. É só que, claro, você não me ouvirá. É simples. Assim que eu puder eu retorno a ligação trocando o chip, ligando de um orelhão ou então mandando uma mensagem. É simples, é prático, e ainda me poupa de falar!
Isso seria fantástico se as pessoas simplesmente não insistissem em tentar burlar minha regrinha, e ficassem do outro lado repetindo frivolamente 'Vivi? Vivi? VIVI? VIVI PORRA, VOCÊ TÁ QUIETA PORQUE? CARALHO, VIVI, CÊ TÁ AONDE? HEIN? TÔ AQUI NA PORTA, VAGABUNDA!'. Ok, né. Tu-do-b-b-em, tu-do-le-ga-a-al. Além de não fazer valer meu conjunto normativo, ainda tenho que ser xingada de todas as palavras sacripântricas do dicionário, ou então ser chamada de 'filha da puta' pela minha própria mãe.
Aí eu olho pro céu, jogo estes braços malemolentes pra cima, viro meu olhar pr'uma nuvem branquinha e grito pra cima: SENHOR DEUS DOS DESGRAÇADOS, PORQUÊ ME ABANDONASTES? DAI-ME AMIGOS ESPERTOS OU UM NOVO CELULAR!
Mas ele não me responde, não me mande um Motorola roxinho da Fergie, nem sequer manda uma chuvinha. Aí eu baixo meus olhos, minhas pelhancas, sinto meu bolso vibrar, respiro fundo e me preparo pra dessa vez ouvir um gentil 'CADELA IMUNDA'. À cobrar.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

A minha vida de casa.


Sempre optei por ouvir Lifehouse naquelas horas, nas eminhos, naquelas que você tem vontade de comer requeijão cremoso congelado de colher só pra ver até onde você aguenta. Nas horas que você faz aquele drama, e fica poser na frente do espelho, pensando na melhor careta a fazer se for chorar em público. Um clássico enredo de pós-pré-adolescente querendo se meter nas profundezas do rasgamento interno de entranhas. POIS EU, como toda boa rasgadorinha, fui inventar de ouvir Lifehouse hoje. Num dia glorioso, claro e quentinho de outono. E, hem, ham, hein, não emou.

Ou eu amadureci, ou realmente são dos carecas que elas gostam mais.

sábado, 12 de abril de 2008

Dicas para aproveitar idas na locadora


1. Já faça uma listinha prévia de filmes que quer locar e nunca pergunte a algum atendente se determinado filme é bom ou ruim. Eles sempre vão dizer que o filme é o máximo mesmo não tendo assistido a fita. E de uma forma ou de outra, isso não vai sair da sua cabeça.


2. Não fique procurando apenas por filmes inteligentes (mesmo que sejam norte-americanos). A idéia aqui não é crescer interiormente depois do filme de arte. Lembre-se que seu objetivo é sentir uma união com a maioria da raça humana. Vá logo para a seção de lançamentos e pegue filmes de astros famosos, filmes tão idiotas que você apagará da sua mente em menos de 24 horas.


3. Vá com um par. Vídeo-locadoras não são lugares para você andar sozinho. Todos andam em pares. Se não tiver namorada/o, peça para o seu irmão ou irmã ir contigo ou pague um indigente na rua para ir com você. Sempre vou sozinha, gosto muito, mas me sinto muito só. Além do mais, um dos grandes prazeres destes lugares é você convencer o/a outro/a levar o filme que VOCÊ quer.


4. Os dias ideais para ir à locadora são os do fim de semana, se estiver chovendo, aproveite. De que adiantaria você ir na terça de noite, com todos os filmes disponíveis? Ir a vídeo-locadora é tipo uma caça, uma disputa entre os outros sócios. Tem que ter uma adrenalina, uma esquema competitivo. Quando você vê que tem alguém lendo a sinopse em uma capinha, você fica escondido atrás da prateleira, de tocaia, e aproveita pra pular sobre o filme assim que ela se distrair.


5. Leve uma série de documentos - cartão de banco, de crédito, certificado de reservistas, certidão de nascimento, comprovante de renda e de residência, PIS... Há uma grande burocracia, pois as pessoas acham que você faz parte de uma gangue cujo objetivo é roubar filmes usados.


6. Participe de todo o tipo de promoção oferecida, do tipo pegue 20 vinte filmes para ver entre sábado e domingo e ganhe desconto de R$ 1,00 uma locação. Ignore certas pessoas que insistem em desmascarar essas promoções e nos provar que não vale a pena. Bufas-frias, cuzones! Nós sabemos que estamos sendo enganados, mas queremos ser enganados!


7. Atrase para devolver. Num tempo de crise, em algum momento da vida você tem que sentir esbanjando dinheiro. Deixe os filmes em cima da televisão e não devolva, porque não deu tempo de ver.


8. Se os filmes são entregues num saco plástico... Na hora de devolver, fique com o saco para você. Você sentirá uma vitória pensando que passou a perna nos donos de cadeias multimilionárias de filmes ficando com o saco plástico, que usará no lixinho da cozinha!


9. Vá sem dinheiro algum. No bolso apenas papéis usados de Halls. Olhe, fique lá por horas. Sente no chão, tire fotos. Tire os sapatos, leia sinopses. Peça pra atendente colocar o filme pra passar na televisãozinha. Aproveite, e goze de tudo que aquele estabelecimento pode te oferecer. Peça água. E no final, sorria, e diga que 'volta na quarta'. E volte.


10. E assim, ó. Como quem não quer nada. Prefira aquelas que são separadas por diretores. Que tem atendentes tatuadas e que vendem revistas e passam filmes legais na televisãozinha. Mas, ó, só mesmo assim, como quem não quer nada. Aquelas que sempre tem os importados que nem estão no cinema ainda, e que mesmo não rodando no seu DVD muito, muito velho. Faz bem pro teu cadastro ter relacionado. Não alugue nada, sorria e diga que volta logo.


E volte.



sexta-feira, 11 de abril de 2008

I don't wanna miss a thing.

Hoje eu passei o dia ouvindo músicas velhas. De Jaded a Misunderstood. Não velhas em si, mas antigos sucessos dessa vida. Alguém lembra de Sexed Up? Essas assim, ficam sempre tão melhores depois que desgastam. Porque viram velhos sucessos. E velhos sucessos são vintage, enquanto os atuais sucessos são pop. O que não torna deles piores, até porque, por mais que as pessoas desgostem do popular, as pessoas sabem cantar todas estas músicas.
Lembro muito do esforço que eu fazia pra manter minha boca fechada quando tocava Big Girls Don't Cry. Mas, hoje? Ah, hoje eu sou free. E digo mais, ainda tenho um pequeno status. Sou retrô. Uhu. Lembro muito de, aos 9 anos, ouvir escondida meu CD do Rouge, pra não ser da massa, das mini-mulheres que tinham muito-sexo-na-cabeça. Mas eu ouvia, e sabia todas as músicas. E digo mais: ainda sei. Todos sabem. Todos cantam. E certos são aqueles que fazem isso a altos pulmões.
Ah, eu sou escrotinha mesmo, Nossa Senhora da Hipocrisia que me abencoe, porque eu só canto Gimme More quando virar vintage. Tive que esperar quase seis meses pra meter os fones, sentar no ônibus e dizer que o Baby Boy é Irrepleaceble e que eu estava tendo um Deeeeeeei-já, vuh?
Mas, as vezes, tem umas coisas assim que não dá pra esconder mesmo, né? Umas músicas que ficam na tua cabeça, e você tem que cantar. Ou então dançar, e quando você dança, aaah, seus Hip's Don't Lie.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Soneto de Fidelidade

A ring ding ding ding d-ding baa aramba baa baa barooumba
Wh-Wha-Whats going on-on?
Ding ding
Lets do the crazy froog
Ding ding
A Brem Brem
A ring ding ding ding ding
A Ring Ding Ding Dingdemgdemg
A ring ding ding ding ding
Ring ding
Baa-Baa
Ring ding ding ding ding
A Ring Ding Ding Dingdemgdemg
A ring ding ding ding ding
a Bram ba am baba weeeeeee
BREAK DOWN!
Ding ding
Br-Br-Break it
Dum dum dumda dum dum dum dum dumda dum dum dum dum dum dumda dum dum
Brem daem
Dum dum dumda dum dum dum dum dumda dum dum dum dum dum dumda dum dum
Weeeeeeee
A ram da am da am da am da weeeeeaaaaaaaaaaaaaaaa
Wh-Whats Going On?
Ding ding
Bem De Dem
ding ding
Da da
A ring ding ding ding ding
A Ring Ding Ding Dingdemgdemg
A ring ding ding ding ding
Ring ding
Baa-Baa
Ring ding ding ding ding
A Ring Ding Ding Dingdemgdemg
A ring ding ding ding ding
a Bram ba am baba..
Ding ding
Br-Br-Break it
Dum dum dumda dum dum dum dum dumda dum dum dum dum dum dumda dum dum
Brem daem
Dum dum dumda dum dum dum dum dumda dum dum dum dum dum dumda dum dum
Ding ding
Bem De Dem!

She wants it.

Já me disse certa vez, um mestre de História, o que certa vez dissera um nobre filosófo no século XXI acerca de um certo carma.
Me lembrou que uma vez disse Sir. J.T. com exímia sabedoria:

What comes around... Goes around.
Acredite neste mantra, e ele will bring your sexy back.




Uh, yeah.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

(não) Posso ajudar?

Existe uma coisa que consegue me tirar do sério de um jeito que pra mim é até difícil mencionar sem gerar convulsões involuntárias nas minhas entranhas; e é como vendedoras de calçados insistem em usar o diminutivo para a cor de todos os sapatos ali presentes. Prosopopéiam aquelas inocentes sandálias e fazem delas crianças de zero a dois anos. E fazem questão de perguntar a nós, entediados consumidores, se não queremos levar a 'rosinha'. Ou nos mostram como 'a roxinha tá LINDA!', ou viram o rosto para o ombro esquerdo, colocam as mãos na cintura e enfaticamente dizem como vamos fazer uma desfeita se não levarmos 'a azulzinha que chegou HOJE!'. Incrível como sempre é a última 37, e todas chegaram HOJE e são LINDAS. Mas, a mim, resta suspirar, fechar os olhos, e depois de quarenta minutos de puro prazer gutural onde a atendente de nome Rayza, sorriso amarelado e sombra branca muito forte subiu vorazmente as escadas do almoxarifado da loja, olho-a e digo que tava só 'dando uma olhadinha.'

I'm a loser, baby. So why don't you KILLMEca?

Eu simplesmente não consigo me concentrar.
Eu fiz de tudo, eu sentei, eu parei de enrolar, a situação não poderia ser mais propícia: a casa tá silenciosa, não tem comida boa pra me distrair, o computador não está appealing, não tem nada de interessante passando na televisão, pra variar, eu não tenho créditos pra mensagens, e nem pra ligações com gritos e monólogos.
Mas ainda assim eu não consigo me concentrar.
Os 17 anos já têm quase uma semana, e dos meus planos, um deles era manter meu foco e estudar até meus olhos sangrarem. O que não está acontecendo. Parece que desde a segunda feira da semana santa que tá assim. Minha desculpa era que o feriado estava chegando, e agora minha desculpa é que o feriado acabou de passar. Mas, já tem duas semanas isso. Eu deveria estar estudando desde o primeiro segundo do dezessétimo aniversário, mas, minha desculpa era o aniversário, e depois veio o final de semana, a segunda feira, o Super Humanas, o cansaço, o sono, o teatro, o filme... Tudo é sempre mais importante que sentar e estudar.
Na verdade, tudo é mais importante que Química. Queria eu ter tirado 8,25 em química, isso não me pertence. Terça é a prova, e estou em risco iminente de pagar trinta e cinco reais por 5 horas extras em um sábado a tarde para depois prestar uma pequena prova chamada Recuperação Paralela, onde recuperarei apenas uma parte ínfima da minha nota. Portanto, para fugir deste fim cruel, eu deveria estudar, e para estudar, eu deveria me concentrar, e para me concentrar eu deveria levantar desta cadeira, rumar para aquela outra que está a um corredor e 3 passos de mim, e finalmente terminar de ler sobre soluções e partículas beta.
Apesar de que, acho que a prova não vai ser sobre isso.

sábado, 29 de março de 2008

A linha tênue da poesia.‏

sexta, 28 de março de 2008 23:17:20
De:
maria eugênia maciel oliveira (emege_d@hotmail.com)
Enviada:
Para: vivicafelton@hotmail.com

A criança pendeu sua cabecinha no ombro da mãe. Essa, por sua vez, era baixinha, tinha o rosto velho e enrugado. Sua expressão era de uma ira que a fazia xingar seus outros três filhos. Dois deles brigavam a tapa por algo que eu não entendi. O outro tinha a cara suja, o nariz ferido e um piercing na sobrancelha. Eu os vejo no terminal quase todos os dias em que volto para casa de ônibus.

Uma vez, o último garoto que aqui mencionei; fora com seus dois irmãos pedir esmola nas filas que esperavam a condução. Chegou ele primeiro, na fila em que eu estava. Observei-o bem: ele quase implorava; falava muito alto dizendo que a mãe estava com câncer.

Dei-lhe 25 centavos.

Quando saiu para pedir em outras filas, eis que surge seu irmão menorzinho, pedindo o mais alto que podia. Não citou a mãe cancerosa. Não ganhou um tostão ali.

No dia seguinte, descendo de um coletivo para pegar o mesmo de sempre, vi; sentado num dos bancos, o garoto a quem eu havia dado 25 centavos. Ele tragava um cigarro que já estava quase no fim. "Abstraído e fumando, um garoto que deve ter a idade do meu irmão médio", lamento eu.

Há quem ache uma cena condenável. Há quem ouse dizer: "Pobre no Brasil também quer 'lazer'". O fato é que seu irmão mais velho me parece abestalhado, meio louco. O seu irmão menor cresce à luz de seu exemplo e daquele. E eu, francamente, me sinto invadida por uma tristeza incomum, uma sensação híbrida de desconforto e repúdio; ao vê-los todos sendo repreendidos pela mãe de retrato senil e irado, com palavrões que nem no trânsito caótico se usa.

Fixo os olhos na criança que incrivelmente dorme no colo daquela mulher. Uma criança de uns três anos, meu Deus! Sujinha, com uma família desequilibrada pela situação em que vivem os cinco.

As cenas desse clã me lembram "Os Retirantes", de Portinari; ou uma obra Graciliana. Só que eu não consigo ver poesia no jovem louco, nos olhos vermelhos do garoto de piercing ou na mãe solteira descontrolada.

Sendo piedosa, talvez eu veja na criança que pende a cabeça e, tranqüila e imbativelmente, dorme.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Número primo entre 16 e 18.

Pra mim, sempre, o mais difícil quando decido empalavrar idéinhas, é começar. Sempre. E acho que hoje, mais uma vez. Dentro de poucas horas, o relógio vai rodar, virar pros dois zeros, e pimba, eu vou ter que mudar a resposta quando perguntarem a minha idade. Incrível como um segundo, um instantezinho mexe com tanta, tanta coisa. Ou na verdade, vai ver nem é tanta coisa assim mesmo, é só a gente que cria esse montão de paradigma e romantiza demais os aniversários. Eu pelo menos sou bastante assim. Na verdade, é porque eu gosto de pontos, de marcos, de largadas, de começos. Ajudam sempre a boas mudanças, e eu acho que é disso que eu ando precisando. De revoluções e mudanças.
Hoje eu cortei o cabelo. Achei que ia mesmo ficar muito diferente. Não ficou não. Foram 5 dedos embora, dedos com pontas ruins, mas, eu sei que hoje, eu não teria coragem de cortar muito curto, ou qualquer coisa assim, do jeito que eu queria. Mas, são apenas pontos, largadas e começos. Eu acho que eu nunca estive tão disposta a mudar como eu estou agora. Nunca tive tanta certeza do que eu preciso deixar pra trás, e nunca tive tanta convicção do que eu preciso. Acho que de uma certa forma, isso é bom. Traz rumos, e direciona. :)
Hoje, eu já tive dezesseis anos. E eles passaram. E foram muito bons, foram muito bons, e foram muito, muito, muito bons. Cada ano que passa, eu espero que se torne o melhor da minha vida, mas, na seqüência bem clichê, esse foi. E que bom que foi. E eu tenho certeza de que esse Um Com Sete vai ser ainda melhor. Chega a ser quase emblemático. Mas não é. Ou ainda não.
Quando se tem dez ou onze anos, normalmente se aspira algumas coisas. E normalmente existem algumas projeções típicas àqueles que são mais velhos que você. Eu me lembro de ter dez anos e observar as garotas de dezessete anos passando, e imaginar muito bem, tendo inclusive uma imagem clara de mim com essa idade. E devo dizer aqui, que ainda bem, que nada dela se concretizou. Quando se é criança, pessoas de dezessete anos pagam suas contas de luz, participam de orgias, dirigem seus carros e vão pra escola de sandália Havaiana. Bem, com uma pequena projeção de futuro, e 16 anos, 365 dias e 22 horas, eu devo dizer, que não faço nenhum dos itens acima. Em especial o que envolve contas e Havaianas. Orgias e luz, nunca se sabe...
Em todo caso, fazer a idade antecessora imediata da maioridade traz consigo algumas responsabilidades. As quais eu cago e ando. Entretanto, algumas das maiores responsabilidades, acredito que os dezesseis já traziam, mas que os dezessete só fazem negritar e grifar com marca-texto fluorescente.
Hoje, o cara que cortou o meu cabelo me disse coisas realmente muito legais, e outras nem tanto. Dentre elas que em março, é o meu inferno astral. O que eu até discordo um pouco, posto que, em fevereiro o inferno estava muito mais alastrado. Mas, ele me disse também, que meu ano começa amanhã, e que eu devo começar o dia pensando em coisas muito, mas muito legais. E eu acho que é isso que eu vou fazer. Na verdade, vou começar pela virada. Vou acreditar mesmo que meu ano vai começar daqui a uma hora e cinqüenta e cinco minutos, e vou fazer com que o inferno tenha sido mesmo fevereiro. E março, como não foi, continue não sendo.
É bonito ver com clareza algumas coisas. Deve ser mesmo esse período holístico. Eu sempre fui muito de acreditar. De ter fé em o que quer que seja. E eu fico nervosa mesmo, quando eu vejo que toda essa minha fé tá indo embora. E a cada dia, eu acredito em uma coisa diferente, mas eu não deixo de acreditar, vai ver seja isso que me mantenha meio viva ainda. Dizer isso em palavras até me deixa sem graça por parecer tão banal, hoje em dia, só acreditar. Mas, acreditar ainda faz bem, e, só pra fazer jus ao meu inferno astral piegas, acreditar em si mesmo faz ainda melhor. Acho que é isso que eu vou passar a fazer daqui pra frente. Não que eu não acreditasse, até acredito, mas, preciso não me subestimar tanto em alguns aspectos, e me super-subestimar em outros.
Ainda bem que tenho muitas coisas muito claras em minha cabeça, ainda bem que eu tenho o que almejar ainda.
Só preciso da coragem pra pôr em prática. BEM, aí eu acho que só quando o 22:19 virar 00:00 que isso vai acontecer.

Victória, 148942 horas de vida.

terça-feira, 25 de março de 2008

terça-feira, 11 de março de 2008

Swing de mandioca

Eu tenho certas doutrinas que por vezes atrapalham o meu convívio com o meio social. Dentre elas a não prática da modalidade olímpico-esportiva: Swing Baiano. E dentro de um órgão repressor e paliativo chamado Colégio Secundarista, sou eu, incitada, intimidade e licitada a fazê-lo. O que poderia ser seriamente visto como tirânico por bons sábios olhos. Mas que não é pelas massas. Toda a minha ausência de gingado me repele a negação do primeiro componente desta modalidade. Baiana eu sou, mas ter swing independe da palavra seguinte. Tenho certeza que brasilienses são muitas mais recheados de swing que eu, que supostamente deveria ter este talento nato. Pois na minha falta de gingado, malemolência, eu tive a atitude mais engajada e revolucionária dos meus últimos 16 anos: cabulei a aula e fiquei em casa comendo Danoninho com colher de farinha de mandioca.
Eu não sei se são as remanescências da farinha que agem como uma forma de amido no Danoninho, ou se é o formato, o que eu sei é que ele fica imensamente mais saboroso quando degustado com este talher peculiar. Acredito que seja o formato, ou a denotação proibitiva que ela traz, onde sorrateiramente tive que furtar do escorredor.

O que nos leva a concluir que:

sexta-feira, 7 de março de 2008

Não gosto de escrever poesia.

E nem de falar de morte em texto. Foi mal, Alt + F4.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Ao Grupo Coeso;

Eu acho que às vezes a gente esquece de coisas que são muito importantes, não é mesmo? Não sei esquecer é a palavra certa. Acostuma pode ser mais apropriado. Não sei, mas hoje, tentando estudar e passando as músicas ferozmente, eu vi, que dentre as quatrocentas e tantas do meu iPod, foi extremamente difícil deter minha atenção, ouvidos e concentração para os livros com qualquer uma daquelas. Música pra mim é uma espécie de descarga e aspirador fabuloso de pensamentos incoerentes. São as músicas que me fazem transitar e voltar a lugares ou momentos que eu estive, e de alguma forma, marcou a minha jornada. E é muito difícil que mesmas músicas permaneçam em minha playlist por muito tempo, tendo em vista que assim como tudo em mim, é muito efêmero e mordaz, e a música acompanha todas essas mudanças graduais.
Mas, pois bem, eis que naquele momento, procurando uma música mais genérica, de linhagem fácil, ritmo gostoso e letra absolutamente insignificante, estive em uma cilada. Porque nenhuma daquelas músicas era nova, ou virgem para mim. Aquelas músicas ali eram e são a marca fonada dos últimos tempos, e trás consigo minhas últimas experiências. Cada verso me refuta a um momento, uma pessoa, um lugar, um cheio específico e alguma sensação. Aquelas músicas são o que eu sou hoje; que é esse emaranhado de sensações distorcidas, construído a partir de um passado próximo que ainda existe e esta na sua carreira. Minhas musicas são essa nova pessoa que eu me tornei. Minhas músicas têm 7 meses. Minhas musicas estão espalhadas pelo país.
E foi aí que eu me lembrei. Ou não. Não acho que seja lembrar a palavra, até por nunca ter esquecido. Foi aí que eu pude compreender algo que eu sempre soube, mas nunca tinha me dado a chance de analisar como algum alheio.
Foram 7 meses. São 7 meses. Só. É pouco e de fora, de outro ângulo, eu diria mesmo que é pouco, e que as reações são exageradas. Mas eu não digo, porque eu tenho a absurda felicidade de fazer parte. São 7 meses. Nem nascemos ainda. E tudo começou com pouco mais de 10 dias. Tudo nasceu de um sonho. Vai ver por isso é tão lindo. Foram 30 estranhos em uma terra estranha com apenas um interesse em comum. Como se isso fosse pouca coisa. É, JK que me perdoe. Foi pouca coisa mesmo. Ou melhor, foi só um estopim de algo que ganhou asas e alçou vôo para um panorama ainda mais vasto.
Eu tenho o péssimo hábito de tentar empalavrar ou encaixar tudo que faz parte de mim em categorias posteriormente vivenciadas. E diante da imensidão do que sinto, as palavras me fogem e o sentido me escapa. E nesse caso, existe uma força arrebatadora que vêm de um núcleo forte que faz com que nossas vidas orbitem em torno dele. E uma força tão grande, tão grande que precisa explodir e extravasar da forma que for.
São as brigas, são as discussões, são as vontades instintivas de largar tudo e todos pro alto, mas, contrariar orgulho, contrariar noções previstas de amor e estima próprios. Tudo em função dessa força. Uma força tão grande que abala sistemas, vidas, e até mesmo pessoas de fora que nada tem ligação com os fatos que desencadearam tudo isso, ou sequer fazem parte dessa esfera. Ela transcende. Nada é igual. Tudo é tão novo.
E é pelas palavras me faltarem que eu acredito tanto nesse núcleo. É pensar nas adversidades gritantes. Nas diferenças estúpidas. Nas milhões de razões para 7 meses serem 1, e para que eu pudesse ouvir músicas em paz. É pensar que com a maior das adversidades. Aquela que eu me atrevo a usar letras garrafais e maiúsculas, Distância, foi feito milagres. Pensar que quanto mais distante se pode estar, mais parece que o núcleo está próximo. É reler, tudo supracitado, achar tão chavão, tão clichê, se perguntar ‘Meu Deus, onde foi parar minha acidez?’, continuar achando, deixar pra lá e seguir.
E tentamos, por muito, sem sucesso, exprimir em palavras ou gestos falhos, o que deveria estão tão claro. Até pra nós mesmo. É a busca incessante pela certeza que coloque nossos pés na realidade para que saibamos que isso é além, é mais que o sonho que a largada foi. É ter a certeza para se agarrar. É cobrar essa certeza. É se embolar e se perder na hora de dá-la a quem precisa.
É acima de tudo, a falta. A falta incessante provocada pela distância geográfica e as vezes pela distância real. É necessidade contínua e recorrente de provas para que seus olhos céticos não falem mais alto diante daquela perfeição.
Não sei se nunca na minha vida eu vou sentir algo que sequer se pareça com o isso de hoje. E eu não quero deixar de sentir. Porque foi ouvindo uma das músicas. Aquela. A primeira. Que eu me lembrei o quanto essa saudade é gostosa. É tão gostosa porque não é a saudade de algo que passou, é a saudade da presença de algo que ainda existe.
E queria deixar registrado aqui o quanto eu sou grata a essas pessoas. Por em 7 meses terem desviado por completo o rumo da minha vida. Terem me tirado do genérico, das melodias vazias, e terem me proporcionado todos os tipos e qualidades de sentidos e sensações possíveis.
Foi ver que esperar vale a pena, e que acreditar vale mais ainda. Se tornar super-herói, driblar regras, metas, problemas funcionais, tudo, tudo, só para estar junto. Como se isso não fosse pouca coisa. E nesse caso não é mesmo não. É o que basta. O que nos basta. O tanto que eu duvidei nesse percurso fez provar. Duvidar, colocar em questão também é uma força de reforçar esta certeza.
É imbatível, é inquebrável. É sofrer junto, sofrer por. É amar mais que a vida e esperar ser amado também. É sofrer por sentir falta. É tentar explicar e não conseguir.
Essa força, esse núcleo em mim, hoje, pulsa como nunca. A saudade arde mais do que todos os dias, e a vontade de estar perto só faz crescer.
É olhar pra trás e lembrar de tudo que aconteceu. Tudo que esse feto de 7 meses já viveu. A intensidade que esse pouco tempo nos trouxe.
É por vocês que eu agüento, que eu espero, que eu sofro, que eu tenho ódio, amor, vontade, carinho, fúria... Qualquer um desses sentimentos que em outros tempos eu tentaria pôr em palavras a fim de aquietar meu coração.
Mas eu não me preocupo, eu me entreguei, e meu amor está em boas mãos. Meu coração é todo de vocês.
Quem tá dentro não consegue explicar. E quem tá fora não consegue entender.
Eu amo vocês.

domingo, 2 de março de 2008

E aí, ta servido?

Quando eu tinha 7 anos, eu me lembro de ter perguntando a minha mãe o porquê de todas as músicas falarem do amor. Isso porque, aos 7 anos, eu acreditava piamente no romantismo verossímil das letras do É O Tchan. Mas então, minha mãe me respondeu com uma sinceridade que eu acho que nunca mais a vi usar na vida, na certa achando que eu viria a esquecer daquelas palavras. Ela me disse que acreditava ser porque no final das contas era em torno do amor que nossa vida girava. E é claro que com 7 anos, provavelmente, após ouvir esta resposta, fui comer meleca, ou tosar cabelo de Barbie. Mas cá estou eu, 9 anos depois me questionando e colocando à prova o sentido desta resposta.
De forma alguma minhas palavras têm por função ganharem sentido, ou até mesmo serem coerentes. Dentro do emaranhando de pensamentos e projeções, um pouco disso é lançado em conclusões de botequim, e jogadas numa folha de papel, ou nesse caso, em uma caixa de post com cores neutras e falidas.
Ao voltar a me questionar o sentido da resposta da minha mãe, eu pude me fazer algumas perguntas a fim de tirar a prova daquela sentença. Na verdade, no final, ela não poderia estar mais certa.
Depois de atingir a puberdade e passar a reparar no sexo oposto, de uma certa forma, minha vida tomou um rumo completamente diferente do que eu esperava. E na gritante maioria, eu perdi o controle. Fosse do jeito juvenil de se entregar ao amor (com gozos frenéticos ou desmaios por mãos trocadas), ou fosse no amor consciente e cheio de falhas.
O problema não está na ilusão. Não mesmo. A ilusão é ótima, eu adoro a ilusão, eu seria capaz de hospedar a ilusão no meu chalé de praia e servir biscoitos de nozes a ela! Com toda a certeza ela não é o problema. O problema todo está no que fazemos com essa ilusão, e o espaço que damos para que ela possa se expandir. Ai que está. Ilusões foram feitas para ficarem no seu campo, junto a seus amigos; os sonhos, os devaneios, e as mentiras. Somos importunados quando a ilusão resolve invadir o território da realidade e da funcionalidade de nossas vidas. Ai que devemos nos preocupar. Afinal, até semanticamente, sabemos que a ilusão é justamente aquela (in)verdade que criamos a fim de nos cegarmos, para as reais. E é por isso que eu gosto tanto da ilusão Ela é quase como a maior de todas as esperanças, e desenvolver ilusões é de longe, meu passatempo preferido (perdendo somente para deixar tapetes em simetria, mas eu acho que ai já é doença).
Mas o que eu questiono aqui não são as vantagens de se criar uma ilusão, mas sim nas conseqüências graves que ela pode trazer quando somos tomadas de assalto pela realidade. Porque, por mais infeliz que possa parecer, amiguinho, qundo menos se esperar, ela vai falar mais alto e você vai ser obrigada a matar sua antiga parceira. E nessas horas que se pode questionar as vantagens de se alimentar uma ilusão por tanto tempo em seu chalé de praia.
E não é só no campo do amor sex(ns)ual que esta trapaça se encaixa, no fraternal também, e muito. A puberdade é apenas a abertura dessas portas infelizes. E nos incomoda tanto por trazer consigo expectativas. E expectativas ilusórias que deveriam permanecer em seus devidos lugares, mas não, transitam em nossas verdades absolutas e realidades, e nos traz um dos piores de todos sentimentos : a frustração. Nos decepciona e detona na mesma velocidade com que as criamos. Maior ingratidão de todas. E os culpados não são aqueles que nos frustraram, e sim nós mesmos, que desde o princípio, sabidos de suas finalidades, nos deixamos levar.
Em todo caso, desse jeito você não poderá ficar, e de todas as infinitas possibilidade de saída, cá pra nós, eu só conheço duas. Mandar as frustrações, decepções e realidades para a puta que as pariu e colocar mais biscoitos de nozes no forno. Ou, fechar os olhos, chorar, abandonar um período muito bonito de lindos sonhos e encarar o preto-e-branco da vida real, seguindo em frente para que no futuro possa depositar suas expectativas em possibilidades plausíveis.
Bem, iluministas que me perdoem, eu gosto demais de biscoitinhos assados para deixar minha convidada comer todos sozinha. Provavelmente esta não deve ser a mais sensata das opções, mas quem faz sentido é soldado, e Maquiavel, guru, nos ensinou que mentiras ditas muitas vezes se tornam verdades absolutas. Sendo assim, ilusões pensadas inúmeras vezes viram realidades paralelas.
Não que eu esteja passando por nada disso no momento, mas a massa está congelada e as nozes descascadas, para a primeira oportunidade que aparecer. O que não deve demorar. Eu só espero que a realidade goste de biscoitinhos também. Em todo caso, se não, eu ainda tenho torradas com geléia no armário.
E aí, ta servido?

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

So nice, so smart


Relógio. É novo, esse. É roxo também, mas é o que Paula trouxe do intercâmbio, e AM/PM, o que me deixa ainda um pouco confusa no estado alfa matutino. Mas eu não estava mais alfa, na verdade, eu estava bem alerta. Pra lá de delta. Doze e vinte e quatro. Seis minutos pro fim daquilo que poderiam chamar de aula. Literatura. Gosto, e bastante, mas hoje o pós haveria de ser melhor que quaisquer escritores Realistas. Cinco minutos. Todos entediados e querendo ir embora, mas aparentemente só a professora não se lembrava ou fingia não saber isso. Na verdade, acho que todas elas sabem disso. Se fingem de bem amadas, mas sabem que no fundo, ninguém ali realmente está prestando atenção a qualquer coisa que ela diga. Ela pode contar do AVC do filho, que as pessoas são capazes de tomar nota em um Post-it. Mas, sinceramente? Que se fodesse o AVC do filho dela naquele momento, faltavam eram dois minutos. Minha mochila estava fechada, e nas costas, minha posição já era de largada e riste, e nos meus bolsos somente os dois pedacinhos de papel que seriam capazes de mediar a minha imensa felicidade. Quatro segundos, três, dois, um. E... Claro que o sinal não tocou. Minha vida não é novela, High School Musical ou HQ e, pra variar o relógio estava marcando as horas erradas, e lógico, por ser novo não sabia me orientar. Mas, tudo bem, agora era esperar. Adrenalina, a qualquer momento. E foi, a qualquer momento. Deve ter demorado bem uns 2 minutos ainda, mas, não me importava mais. Desci em disparada, com Paula-do-relógio no encalce, e cheguei ao pátio, onde finalmente tomaria o carro-rona da mesma para o meu querido destino. O destino não muito longe de mim, e nem muito complicado de se chegar. Mas eu moro na Bahia, e cá pra nós, andar, o mínimo que seja, já te transforma em um grande e amarelado cuzcuz molhado. Não que eu já tenha visto um molhado. Mas é o que me disseram. Carro-rona demorou. Olhei pro lado, e as pessoas que haviam ficado de ir comigo ao querido destino não estavam no meu campo de visão. Mas, naquele momento, não me importei, sinceramente. Eram excelentes companhias é verdade, mas eu estava com a melhor companhia de todas. E essa companhia é muito batutaparceirafiel. Me atura a 16 anos e, com fé em Tupã, pelo menos mais uns 80 aí.
Chego onde queria com mais ou menos 20 minutos de atraso, de acordo com meu compromisso inadiável com a minha célebre pessoa. Mas, minha célebre pessoa é maleável. Saio do carro e corro, atravesso a rua. E descubro que já não sei mais andar naquele lugar, e que as portas trocaram de lugar, ou sou eu que ando me desatualizando completamente, a cada dia. Eu achei que só ler jornais e ouvir ao rádio me bastavam, mas eu acho que vou ter que voltar pra caixinha colorida com sons. Subo as escadas correndo, entro na fila sem pessoas, me deparo, diante do rapaz com sorriso enfadonho e sonolento e mando:
- Juno, 13hs
Meu destino estava selado, e minha felicidade firmada. Cinema. Sozinha. Terça-feira. Treze horas. Não poderia estar mais feliz. Ou até poderia, mas naquela hora, aquilo me bastava. Seis reais na carteira, e - relógio - 2 minutos e meio pra arrumar algo bom para comer. Meu estômago não estava muito legal, e estava com muita vontade de comer comida com cara de comida e alguns verdes por cima. Em trinta segundos, acredito, rodei toda a praça de alimentação e nada que me atenuasse ou prendesse minha vida ou gula, me deteve. Ao faltarem 14 segundos optei drásticamente pelos sanduíches da Subway. Poderia passar 8 anos e meio descrevendo a demora e a raiva que aquele lugar estava me dando, mas acredito que não caiba, ou que meu coração partido não tem forças pra lembrar. Sei que com quatro minutos de atraso larguei os seis reais no caixa, mesmo não sendo minha vez, estiquei minha mão e peguei o sanduíche com a maior concentração de alface americana que alguém já pôde ver na vida. E eu corri. Ô CORRI. Subi as escadas rolantes que não respeitam a falta de um sinal localizador de direita, feito uma louca. A sala era a 4, direita ou esquerda, pensava com pressa, direita ou esquerda. Um, dois, três, apostei na direita, e pimba, direita. Sorri pro bilheteiro. Velho brotherzinho. Ainda lembra de mim por cosplays e essas coisas. Correndo. Abro a porta. Barulhos e luz apagada. MALDITO MUNDO. Não, mas nada haveria de destruir minha nobre felicidade romântica e sozinha. Sozinha, e não, solitária.
O cheiro, hm, o cheiro do cinema. É pipoca mofada, é peido em poltrona, é naftalina, é gente suada. Ah, é uma delícia. Minhas pupilas dilatam (?) e eu pude observar melhor meus colegas de sessão. Cinco. Aham, um, dois, três, quatro, e hm, eu era a função metalingüística do colega número cinco. E todos sozinhos. Assim como eu. Cada um disposto em um hemisfério daquela sala enorme e fria. Ainda bem, me arranjei no centro médio inferior e pûs meus olhos na tela, e eis quem me sorri: Jim Sturgess. Em um filme que eu não pude ver o nome, mas que eu acredito ter visto o Kevin Bacon e umas cartas de Poker. Que delícia de visão em minha frente. Mas que beleza. Agora eu tinha certeza que não precisava de mais nada.
Doce ilusão, precisava. O sanduíche e o filme pelo qual eu tinha pagado cinco reais e cinquenta por. Ponho minha mochila ao meu lado. Velha parceirinha. Abro a embalagem verde do meu mantimento. Sinto o cheiro e vejo as folhas amigas saltando pra fora. Hmm. Sem tomates, pouco azeite e médio orégano. Hmmm. Tiro a atenção do sanduíche e jogo para a tela. Barulhinho da FOX. Vai começar. É agora. Mordo um pedaço muito grande afim de terminar logo aquilo, pra que minha atenção fosse toda direcionada ao meu objeto de afeição. Num instante aquele monte de alface vira parte de mim, e num instante um pouco maior, aquele monte de imagem, som e emoção iria fazer parte de mim também. Mas aí, eu iria ter que esperar, e bem, já tinha pagado pra ver.
Música. Fecha os olhos. Abre os olhos. Pé na cadeira vazia da frente. Cheiro. Barulhinho da máquina de projeção. Tira casaco. Põe casaco. Vontade de mandar mensagem. Comentar. Passa a vontade. Fecha o olho. Sente denovo. Olha. Acha ruim. Acha bom. ACHA BOM. Acha ruim. Música. Música. MÚSICA. Acha parecida com. Acha desparecida com. Acha ruim. Acha chata. Acha bom. Acha legal. MÚSICA. Risada senil grande e risível. Põe casaco. Já está com casaco. Puxa capuz. Morde cordinha. Solta cordinha. Nervoso. Encolhimento. Tampa olho. Destampa olho. ABRE OLHO. Fecha o olho. Música. Música. Abre o olho. Ri. Ri denovo. Acha bonito. Acha legal. Acha bonito. Acha muito bonito. Acha bonito de explodir. Acha feio. Acha desnecessário. Tira o pé da cadeira. Reclina corpo pra frente. Pra trás. Agonia. Pega celular denovo. Lembra que não tem crédito. Guarda. Por cima da mochila. Lembra que pode esquecer. Lembra que tá pouco se fodendo. Mas, guarda. Olha. Baixa o capuz. Sobe o capuz. Morde a cordinha. Com mais força. COM AINDA MAIS FORÇA. Rosto vai ficando vermelho. Chora. Chora. Chora. CHORA. CHORA. Chora. CHORA. Chora. Sorri. Chora. Chora. Sorri. Se enterra no casaco. Morde o casaco. Fecha o olho. MÚSICA. Abre o olho. Música. Rosto vermelho. Vento. Frio. Sorriso. Música. Música. Música. Legenda errada.
Música.
Vento.
Cheiro.

Fecha.

Abre.



Créditos finais.


Agora aquilo tudo fazia parte de mim também. E assim que levantei, meu andar já estava diferente e tudo também ao meu redor. É claro, o efeito poderia passar em 5, 10 minutos, mas não importava. É gostoso levantar e deixar na poltrona uma outra pessoa.

E sim, houve uma pequena fila para descer, nós cinco disputávamos degraus. E a camisa do colega número 3, logo que furou a ordem a minha frente, foi bastante emblemática quando expeliu as palavras: YOU CAN DO IT bem assim, no meu rosto, de sopetão. Não soube dizer muito bem o que aquilo poderia estar querendo me dizer naquele momento, ou porque aquilo fazia tanto sentido e me deu tanta alegria. Não sei o quê, o porquê, a ligação direta ou sem o menor sentido com a experiência de duas horas que havia acabado de ter, e nem como. Eu só sei, de verdade, mais do que nunca, naquele momento, depois daquilo, ou até mesmo, hoje: eu sei que eu



posso. :)
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