quinta-feira, 24 de abril de 2008

TOC - Trouxinha Onde Cutuca


Eu resolvi passar uma semana inteira me observando. E eu acho até que eu tirei algumas conclusões muitíssimos interessantes sobre a minha pessoa. Que, em dezessete anos de vida, eu nunca havia notado.
Eu pensei em fazer isso, na verdade, em 2004, quando Paula, assaz atenta um dia, descendo as escadas do corredor de aulas da sexta série, me sinalizou que enquanto a gente conversava sobre o quanto achávamos a farda do colégio justa e fedorenta, eu desenhava em meu joelho, com os dedos, o cortorno de uma camiseta. Eu me assustei, obviamente. Porque, aparentemente, é algo que eu fazia muito, e precisei que alguém de 1m50cm me dissesse. E desde então, acho que esse meu super-charminho-psicótico se foi. Porque eu passei a notar que eu fazia realmente isso, incessantemente. Principalmente quando eu tinha algo em mente, que por algum motivo, eu não podia expôr. Inclusive, minha coxa vivia sendo constantemente rabiscada pelas minhas unhas com as palavras 'puta', 'vagabunda', 'corno sem mãe' e derivados delicados.
Mas isso passou, e até que era bem legal, mas se foi, e agora eu preciso descobrir novos, pra prestar atenção, acabar com eles, e começar mais novos.
Bem, no dia 1, o primeiro que eu detectei foi justamente dentro do ônibus indo pra Barra. Descobri que quando eu ouço música, penso, estou com sono ou então muito aflita eu pego meu polegar opositivo e o indicador e fico dobrando meu lábio inferior, a fim de fazer uma espécie de - na falta de uma melhor palavra - trouxinha que eu vou posteriormente morder com meus dentões de castor indiano. Isso não é nem de longe charmosinho, portanto, meu objetivo não foi bem sucedido. Mas, eu continuei observando...
E nesse processo eu me lembrei de como, antigamente, essas pequenas coisinhas se transformaram em uns TOC's posers bizarros que eu nutri por aproximadamente 3 longos anos. Bem como arrumar todo e qualquer tapete que eu passasse por, por mais arrumado que estivesse. Fazendo com que eu, inclusive, perdesse mais ou menos 8 a 10 minutos diários na minha ida à escola, simplesmente ajeitando o 'Bem Vindo' do hall do meu prédio. É, lá pros 15 anos isso ainda era divertido, hahasível e tudo mais. Mas, fui crescendo e começou a realmente me deixar agoniada, daí eu criei um novo TOC. Não poder mais arrumar tapetes depois dos 17 anos. E cá estou. Doente denovo. Outro nesse mesmo esquema era o que relacionava as folhas secas. Mas esse era meio demoníacozinho. Implicava em pisar em toda e qualquer folha seca que estivesse no meu caminho, porque, a princípio, eu gostava/to bastante do barulhinho. Mas, quando isso começou a ficar crônico e patológico, implicando em pisar em toda e qualquer folha seca que eu visse NA VIDA. É, eu decidi parar. Depois dos 17 anos, no more folhas secas.
Mas, continuando minha observação eu percebi também que eu não consigo manter longas observações por muito tempo, e depois do dia 2 eu parei de me observar. Quem sabe um dia eu termino. Provavelmente eu vou terminar junto com abril, que MEU DEUS não acaba!
E hoje, um sábado ensolarado de um interminável abril, me despeço para fazer mais observações pautáveis, mas dessa vez acerca dos cálculos estequiométricos e dos charmosos platelmintos.

Partí feroix.

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