domingo, 2 de março de 2008

E aí, ta servido?

Quando eu tinha 7 anos, eu me lembro de ter perguntando a minha mãe o porquê de todas as músicas falarem do amor. Isso porque, aos 7 anos, eu acreditava piamente no romantismo verossímil das letras do É O Tchan. Mas então, minha mãe me respondeu com uma sinceridade que eu acho que nunca mais a vi usar na vida, na certa achando que eu viria a esquecer daquelas palavras. Ela me disse que acreditava ser porque no final das contas era em torno do amor que nossa vida girava. E é claro que com 7 anos, provavelmente, após ouvir esta resposta, fui comer meleca, ou tosar cabelo de Barbie. Mas cá estou eu, 9 anos depois me questionando e colocando à prova o sentido desta resposta.
De forma alguma minhas palavras têm por função ganharem sentido, ou até mesmo serem coerentes. Dentro do emaranhando de pensamentos e projeções, um pouco disso é lançado em conclusões de botequim, e jogadas numa folha de papel, ou nesse caso, em uma caixa de post com cores neutras e falidas.
Ao voltar a me questionar o sentido da resposta da minha mãe, eu pude me fazer algumas perguntas a fim de tirar a prova daquela sentença. Na verdade, no final, ela não poderia estar mais certa.
Depois de atingir a puberdade e passar a reparar no sexo oposto, de uma certa forma, minha vida tomou um rumo completamente diferente do que eu esperava. E na gritante maioria, eu perdi o controle. Fosse do jeito juvenil de se entregar ao amor (com gozos frenéticos ou desmaios por mãos trocadas), ou fosse no amor consciente e cheio de falhas.
O problema não está na ilusão. Não mesmo. A ilusão é ótima, eu adoro a ilusão, eu seria capaz de hospedar a ilusão no meu chalé de praia e servir biscoitos de nozes a ela! Com toda a certeza ela não é o problema. O problema todo está no que fazemos com essa ilusão, e o espaço que damos para que ela possa se expandir. Ai que está. Ilusões foram feitas para ficarem no seu campo, junto a seus amigos; os sonhos, os devaneios, e as mentiras. Somos importunados quando a ilusão resolve invadir o território da realidade e da funcionalidade de nossas vidas. Ai que devemos nos preocupar. Afinal, até semanticamente, sabemos que a ilusão é justamente aquela (in)verdade que criamos a fim de nos cegarmos, para as reais. E é por isso que eu gosto tanto da ilusão Ela é quase como a maior de todas as esperanças, e desenvolver ilusões é de longe, meu passatempo preferido (perdendo somente para deixar tapetes em simetria, mas eu acho que ai já é doença).
Mas o que eu questiono aqui não são as vantagens de se criar uma ilusão, mas sim nas conseqüências graves que ela pode trazer quando somos tomadas de assalto pela realidade. Porque, por mais infeliz que possa parecer, amiguinho, qundo menos se esperar, ela vai falar mais alto e você vai ser obrigada a matar sua antiga parceira. E nessas horas que se pode questionar as vantagens de se alimentar uma ilusão por tanto tempo em seu chalé de praia.
E não é só no campo do amor sex(ns)ual que esta trapaça se encaixa, no fraternal também, e muito. A puberdade é apenas a abertura dessas portas infelizes. E nos incomoda tanto por trazer consigo expectativas. E expectativas ilusórias que deveriam permanecer em seus devidos lugares, mas não, transitam em nossas verdades absolutas e realidades, e nos traz um dos piores de todos sentimentos : a frustração. Nos decepciona e detona na mesma velocidade com que as criamos. Maior ingratidão de todas. E os culpados não são aqueles que nos frustraram, e sim nós mesmos, que desde o princípio, sabidos de suas finalidades, nos deixamos levar.
Em todo caso, desse jeito você não poderá ficar, e de todas as infinitas possibilidade de saída, cá pra nós, eu só conheço duas. Mandar as frustrações, decepções e realidades para a puta que as pariu e colocar mais biscoitos de nozes no forno. Ou, fechar os olhos, chorar, abandonar um período muito bonito de lindos sonhos e encarar o preto-e-branco da vida real, seguindo em frente para que no futuro possa depositar suas expectativas em possibilidades plausíveis.
Bem, iluministas que me perdoem, eu gosto demais de biscoitinhos assados para deixar minha convidada comer todos sozinha. Provavelmente esta não deve ser a mais sensata das opções, mas quem faz sentido é soldado, e Maquiavel, guru, nos ensinou que mentiras ditas muitas vezes se tornam verdades absolutas. Sendo assim, ilusões pensadas inúmeras vezes viram realidades paralelas.
Não que eu esteja passando por nada disso no momento, mas a massa está congelada e as nozes descascadas, para a primeira oportunidade que aparecer. O que não deve demorar. Eu só espero que a realidade goste de biscoitinhos também. Em todo caso, se não, eu ainda tenho torradas com geléia no armário.
E aí, ta servido?

4 comentários:

Anônimo disse...

babar em cima dq vc escreve, mas vc se supera a cada suspiro, mto copiei e colei no meu flog. tô nem aí!

fãnumero1PRASEMPRE


->raphaela

Anônimo disse...

Isso porque, aos 7 anos, eu acreditava piamente no romantismo verossímil das letras do É O Tchan.


GOZEI LITRUS!
né assim que cês falam? aioshioahs

Anônimo disse...

prefiro ilusões .
desculpa AE realidade ;)

Anônimo disse...

esse foi pra mim que eu tô ligada :p

te amo e amo o jeito que você sentende sem nem saber =*