quarta-feira, 5 de março de 2008

Ao Grupo Coeso;

Eu acho que às vezes a gente esquece de coisas que são muito importantes, não é mesmo? Não sei esquecer é a palavra certa. Acostuma pode ser mais apropriado. Não sei, mas hoje, tentando estudar e passando as músicas ferozmente, eu vi, que dentre as quatrocentas e tantas do meu iPod, foi extremamente difícil deter minha atenção, ouvidos e concentração para os livros com qualquer uma daquelas. Música pra mim é uma espécie de descarga e aspirador fabuloso de pensamentos incoerentes. São as músicas que me fazem transitar e voltar a lugares ou momentos que eu estive, e de alguma forma, marcou a minha jornada. E é muito difícil que mesmas músicas permaneçam em minha playlist por muito tempo, tendo em vista que assim como tudo em mim, é muito efêmero e mordaz, e a música acompanha todas essas mudanças graduais.
Mas, pois bem, eis que naquele momento, procurando uma música mais genérica, de linhagem fácil, ritmo gostoso e letra absolutamente insignificante, estive em uma cilada. Porque nenhuma daquelas músicas era nova, ou virgem para mim. Aquelas músicas ali eram e são a marca fonada dos últimos tempos, e trás consigo minhas últimas experiências. Cada verso me refuta a um momento, uma pessoa, um lugar, um cheio específico e alguma sensação. Aquelas músicas são o que eu sou hoje; que é esse emaranhado de sensações distorcidas, construído a partir de um passado próximo que ainda existe e esta na sua carreira. Minhas musicas são essa nova pessoa que eu me tornei. Minhas músicas têm 7 meses. Minhas musicas estão espalhadas pelo país.
E foi aí que eu me lembrei. Ou não. Não acho que seja lembrar a palavra, até por nunca ter esquecido. Foi aí que eu pude compreender algo que eu sempre soube, mas nunca tinha me dado a chance de analisar como algum alheio.
Foram 7 meses. São 7 meses. Só. É pouco e de fora, de outro ângulo, eu diria mesmo que é pouco, e que as reações são exageradas. Mas eu não digo, porque eu tenho a absurda felicidade de fazer parte. São 7 meses. Nem nascemos ainda. E tudo começou com pouco mais de 10 dias. Tudo nasceu de um sonho. Vai ver por isso é tão lindo. Foram 30 estranhos em uma terra estranha com apenas um interesse em comum. Como se isso fosse pouca coisa. É, JK que me perdoe. Foi pouca coisa mesmo. Ou melhor, foi só um estopim de algo que ganhou asas e alçou vôo para um panorama ainda mais vasto.
Eu tenho o péssimo hábito de tentar empalavrar ou encaixar tudo que faz parte de mim em categorias posteriormente vivenciadas. E diante da imensidão do que sinto, as palavras me fogem e o sentido me escapa. E nesse caso, existe uma força arrebatadora que vêm de um núcleo forte que faz com que nossas vidas orbitem em torno dele. E uma força tão grande, tão grande que precisa explodir e extravasar da forma que for.
São as brigas, são as discussões, são as vontades instintivas de largar tudo e todos pro alto, mas, contrariar orgulho, contrariar noções previstas de amor e estima próprios. Tudo em função dessa força. Uma força tão grande que abala sistemas, vidas, e até mesmo pessoas de fora que nada tem ligação com os fatos que desencadearam tudo isso, ou sequer fazem parte dessa esfera. Ela transcende. Nada é igual. Tudo é tão novo.
E é pelas palavras me faltarem que eu acredito tanto nesse núcleo. É pensar nas adversidades gritantes. Nas diferenças estúpidas. Nas milhões de razões para 7 meses serem 1, e para que eu pudesse ouvir músicas em paz. É pensar que com a maior das adversidades. Aquela que eu me atrevo a usar letras garrafais e maiúsculas, Distância, foi feito milagres. Pensar que quanto mais distante se pode estar, mais parece que o núcleo está próximo. É reler, tudo supracitado, achar tão chavão, tão clichê, se perguntar ‘Meu Deus, onde foi parar minha acidez?’, continuar achando, deixar pra lá e seguir.
E tentamos, por muito, sem sucesso, exprimir em palavras ou gestos falhos, o que deveria estão tão claro. Até pra nós mesmo. É a busca incessante pela certeza que coloque nossos pés na realidade para que saibamos que isso é além, é mais que o sonho que a largada foi. É ter a certeza para se agarrar. É cobrar essa certeza. É se embolar e se perder na hora de dá-la a quem precisa.
É acima de tudo, a falta. A falta incessante provocada pela distância geográfica e as vezes pela distância real. É necessidade contínua e recorrente de provas para que seus olhos céticos não falem mais alto diante daquela perfeição.
Não sei se nunca na minha vida eu vou sentir algo que sequer se pareça com o isso de hoje. E eu não quero deixar de sentir. Porque foi ouvindo uma das músicas. Aquela. A primeira. Que eu me lembrei o quanto essa saudade é gostosa. É tão gostosa porque não é a saudade de algo que passou, é a saudade da presença de algo que ainda existe.
E queria deixar registrado aqui o quanto eu sou grata a essas pessoas. Por em 7 meses terem desviado por completo o rumo da minha vida. Terem me tirado do genérico, das melodias vazias, e terem me proporcionado todos os tipos e qualidades de sentidos e sensações possíveis.
Foi ver que esperar vale a pena, e que acreditar vale mais ainda. Se tornar super-herói, driblar regras, metas, problemas funcionais, tudo, tudo, só para estar junto. Como se isso não fosse pouca coisa. E nesse caso não é mesmo não. É o que basta. O que nos basta. O tanto que eu duvidei nesse percurso fez provar. Duvidar, colocar em questão também é uma força de reforçar esta certeza.
É imbatível, é inquebrável. É sofrer junto, sofrer por. É amar mais que a vida e esperar ser amado também. É sofrer por sentir falta. É tentar explicar e não conseguir.
Essa força, esse núcleo em mim, hoje, pulsa como nunca. A saudade arde mais do que todos os dias, e a vontade de estar perto só faz crescer.
É olhar pra trás e lembrar de tudo que aconteceu. Tudo que esse feto de 7 meses já viveu. A intensidade que esse pouco tempo nos trouxe.
É por vocês que eu agüento, que eu espero, que eu sofro, que eu tenho ódio, amor, vontade, carinho, fúria... Qualquer um desses sentimentos que em outros tempos eu tentaria pôr em palavras a fim de aquietar meu coração.
Mas eu não me preocupo, eu me entreguei, e meu amor está em boas mãos. Meu coração é todo de vocês.
Quem tá dentro não consegue explicar. E quem tá fora não consegue entender.
Eu amo vocês.

2 comentários:

Anônimo disse...

melhor texto de todos os tempos, não tenho mais oq falar sobre isso.
Oq vai ter de marmanjo chorando pensando e tudo mais, não ta no gibi >.<
Não eu, pq não choro, não penso, nem sou fudida e nunca nunca amo.

..teamo...


-Raphaela

Anônimo disse...

LINDO.

MARAVILHOSO. =')

é muito over J.K. !


love you ;)


Bel.