terça-feira, 9 de setembro de 2008

Metalinguística seriamente fora de toda a brincadeira.

Eu detesto a cadeira do meu computador. E detesto ainda mais o fato dela não ser lá muito boa pra se escrever. Quando eu tento kung fusar minhas pernas pra arrumar uma boa posição ela praticamente apita e cria um letreiro enorme com dizeres em néon: SUA BUNDA É MAIOR QUE EU. SÁIA DAQUI, ANIMAL. Mas, eu não posso me render aos poderes imperialistas de uma cadeira de 20 anos e deixar de postar, ou qualquer coisa assim. Por mais que esse monte de plástico branco abaixo de mim tenha feito com que eu relutasse em abrir essa página de post, eu o fiz, simplesmente pra mostrar o quão auto-suficiente em petróleo e cadeiras eu sou.
Hoje, durante o quarto período, eu chamei Priscila, que tava na minha frente, e falei pra ela que ia tirar a tarde pra escrever. Era aula de química, pós-prova-que-me-fudi, então eu couldn't care less pra qualquer coisa que ele pudesse estar tentando me dizer e que iria vir a cobrar significantemente só em novembro (eis uma das coisas que eu mais adoro em terças feiras; essa sensação de completo poder que se tem depois de uma prova. É comer água, biscoitos recheados e só aparecer na escola na quinta). E, eu tinha acabado de sair de uma aula (creiam) boa de literatura que havia feito com que meu mini membro interior da ABL acordasse e me dissesse que eu deveria cumprir aquilo que eu disse que faria em outubro do ano passado; parar de reclamar e começar a verbalizar mais minhas coisetinhas.
E o mundo hoje parece sorrir o tempo todo; atravessando a rua, comprando salgados de frango e bebendo suco de cajá, tudo me parecia um tema adequadíssimo pra qualquer que fosse o que eu queria escrever quando disse à Priscila que queria escrever. Mas, para que haja um pouco de mudança na minha rotininha, obviamente, a superioridade da cadeira que reina SOB mim fez com que eu não lembrasse de absolutamente nada. E eu ainda insisto em não anotar minhas besteirices sem fim.
Descalça, tocando a campainha da casa de Renata às duas da tarde, e me lembro de ter pensando em mandar uma mensagem à qualquer pessoa pra que me dissesse uma palavra, e eu escrevesse alguma coisa emcima daquilo (afinal, o ABLinho que apitou hoje na aula não era lá dos mais exigentes... só queria saber de pular pra fora), mas quando abriram a porta e eu, com fones, não ouvi que ela não estava em casa e fui pro quarto dela pra constatar, obviamente me esqueci.
Mas, de um desses topiquinhos eu me lembro.
Minha mãe hoje, PUTA da vida, por algum motivo que meus fones não me permitiram entender, gesticulava freneticamente enquanto eu, no sofá da sala de TV, ouvia Strokes e lia Becky Bloom. Mas, o destino foi cruel com minh'alma e bondoso com ABLinho e fazendo com que minha batéria acabasse e eu ouvisse de mi madre os seguintes dizeres: 'fora de toda a brincadeira'. Que é uma expressão que ela usa quando quer enfatizar MUITO alguma coisa. É algo como o 'seriamente' que eu peguei de alguém e tô usando muito seriamente. Como o 'pra caralho' que as pessoas usam. Pra minha mãe, simplesmente é 'fora de toda a brincadeira'. E eu ouço isso há 17 anos. Seriamente. Daí eu, Becky e minha falta de cargas musicais começamos a pensar e descobrimos que além desse, minha mãe repete também 'Ai meu Cristo Redentor' sempre que precisa demonstrar enfado, raiva, alegria, amor, sono, ou qualquer outra emoção que esteja listada na psicanálise. E eu também ouço isso há 17 anos. E eu sei disso porque quando era um rebentinho pequeno eu costumava repetir distorcidamente 'Ai meu Cristo arrebentou!'. Mas aí alguém me disse que tava errado, ou que era feio, e eu parei né. Uma pena. Se usarmos uma vírgula depois do Cristo, fica genial. 'Ai meu Cristo, arrebentou'.
Mas, sem distorcer meu foco, devo dizer e devo temer a idade média, ou meia idade. Eu tenho certeza que meu 'genial' tão usado hoje, ou até mesmo o 'seriamente' vão-se embora muito seriamente em menos de dois meses, assim como tantas outras expressões geniais que passaram por mim nos últimos 17 anos.
Portanto, você, que estiver lendo isso em 9 de setembro de (CALCULADORA) 2025 e me ouvir genializando algo, muito seriamente me lembre do quão bom era ser jovem e poder renovar e diferenciar minhas expressões de enfado, para que meu enfado lembrasse doces fadinhas e não se arrebentasse na brincadeira imperialista que pode agir sob ele.
Ah... A acidez humana.

4 comentários:

Samory Santos disse...

Véi, você tem estilo...

E é foda.

Adorei o texto, caso ainda haja dúvida, sua comedora de frangos.

Anônimo disse...

suco de cajá ok *-*

Pedro disse...

E God, spare me comentários em blogs de crianças de 17 anos. =b

Anônimo disse...

Caraca Vi ..
você escreve muito, sabes ?